O ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, desafiou hoje os autarcas e agentes do Vale do Tua a criarem oferta para fazer os turistas “saltar” para as margens com o regresso do comboio no verão.

O governante assistiu hoje em Vila Flor e Mirandela aos últimos passos para finalmente avançar o Plano de Mobilidade Turística e Quotidiana do Vale do Tua, pensado há dez anos como contrapartida pela construção da barragem que submergiu parte da linha.

As parcerias estão oficializadas e começaram hoje oficialmente as últimas obras para consolidação e segurança do canal ferroviário que deverão estar concluídas no verão, com o operador turístico Mário Ferreira a apontar para “agosto” o início da operação.

O comboio regressa ao Tua apenas numa extensão de 30 quilómetros entre a Brunheda (Cararzeda de Ansiães) e Mirandela, com carruagens para turistas e outras para transporte público das populações ribeirinhas do rio Tua, e também barcos para passeios na nova albufeira, entre a Brunheda e Foz Tua.

O investimento global de 15 milhões de euros neste plano, praticamente a cargo da EDP a concessionária da barragem, “e importante para as populações”, como sublinhou hoje o ministro, mas com um alerta para os agentes locais.

“Quando começarem a chegar os turistas, o Vale do Tua tem de ter um produto turístico para apresentar, o que queremos é que o turista salte para as margens”, avisou Pedro Marques, que não quer apenas que quem visita a região “suba e desça” o Tua ou fique no barco e no comboio.

O projeto que resulta da polémica barragem de Foz Tua, já em produção, juntou hoje em Vila Flor e Mirandela os mais altos representantes das partes envolvidas, desde a Infraestruturas de Portugal (IP), ao Governo, Instituto de Mobilidade Terrestre (IMT), CP, entre outros.

O projeto já passou por três gerações de autarcas, como apontou o presidente da Câmara de Vila Flor, Fernando Barros, lembrando que “alguns duvidaram que podia ser uma miragem” para dizer que hoje “é um dia histórico.

“Ninguém tenha dúvidas, o comboio vai regressar ao Tua”, vincou.

A Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua, também uma contrapartida pela construção da barragem, é a responsável pelos projetos no vale e reúne os cinco municípios da área de abrangência, nomeadamente Vila Flor, Carrazeda de Ansiães, Mirandela, Alijó e Murça, mais a EDP.

O presidente, José Paredes, afirmou hoje que este “é um tempo novo” e que acredita que “se iniciará um novo ciclo de desenvolvimento para a região”.

O operador que vai explorar o vale do Tua é a Mystic Tua, uma nova empresa de Mário Ferreira, o empresário dos passeios de barco no Douro, que hoje afirmou estar pronto há mais de ano e meio para começar a trabalhar.

Comboios, autocarros, barcos “tudo está pronto”, como reiterou hoje e “agora acredita “plenamente que é possível”.

O operador fica responsável pela exploração e manutenção da ferrovia, exceto pontes e obras de arte que continua sob a alçada da IP.

A empresa de Mário Ferreiro assegurará também a mobilidade das populações com as duas antigas carruagens do metro de Mirandela que estão a ser reabilitadas para o efeito e serão transferida para o novo projeto junto com os funcionários.

O empresário afirmou hoje que o seu objetivo neste projeto “não foi o lucro” e que “isto não vai uma atividade lucrativa durante vários anos”.

“Será uma atividade interessante, nós lançamo-nos nisto para o desenvolvimento de um novo negócio numa região que necessitava, que era carente deste negócio. Não temos grandes expectativas em termos de lucro, se não perdermos dinheiro, já ficamos satisfeitos”, declarou.

A linha do Tua foi desativada, em quase toda a extensão, há mais de uma década depois de uma sucessão de acidentes ferroviários, com quatro mortes.

Com o novo plano de mobilidade, o comboio circulará em pouco mais de 30 quilómetros, com uma vertente turística e outra de transporte público.

A CP garante uma verba anual de 600 mil euros para assegurar a mobilidade das populações, como já tinha avançado a Agência.

Quando o plano estiver no terreno, a mobilidade quotidiana será feita com transporte rodoviário onde não há linha, nomeadamente entre o Tua e a Brunheda, e com as antigas carruagens do metro de Mirandela no troço reativado, entre a Brunheda e Mirandela.



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Operador turístico fica responsável pela linha do Tua e pela manutenção