A ideia de que «estrada que traz também leva» é chão que já deu uvas em terra que, de facto, as dá - o Douro. A região perde gente ano após ano mesmo sem boas estradas. E só com uma boa rede de acessibilidades será possível aproximá-la do Litoral, potenciando o desenvolvimento de empresas no Interior, que trave o êxodo rural. Idem aspas para o turismo, que precisa de novas portas de acesso ao Douro.
Não basta o rio, a região exige maior aposta no caminho-de-ferro e nas ligações aéreas.
\"Como pode atrair 200 mil visitantes por ano uma região que nem estradas tem?\" A interrogativa de António Martinho Baptista, director do Centro Nacional de Arte Rupestre, dita, ao JN, quando convidado a pronunciar-se sobre o fracasso do plano de visitas às gravuras do CÎa, espelha bem a realidade.
Pelo rio, sim, aqueles números são atingíveis pelos cruzeiros no Douro. \"Mas é preciso ligar os barcos ao comboio\", observa o presidente da Câmara de Figueira de Castelo Rodrigo, António Edmundo, como forma de potenciar o turismo.
Este é apenas um dos autarcas que gostariam de ver reactivado o troço da Linha do Douro entre o Pocinho e Barca de Alva. \"Entre ter uma via rápida a ligar-nos ao Douro ou ter uma via-férrea a complementar a fluvial, prefiro a segunda\", salienta.
O edil de Foz CÎa Emílio Mesquita alinha pelo mesmo diapasão. Quando o Museu do CÎa começar a funcionar, em 2008, \"o acesso através do comboio será fundamental\".
Quando a CP decidiu encerrar aquele troço, em 1988, fê-lo por falta de rentabilidade comercial. Uma vez que em Espanha parece haver vontade de reactivar a ligação entre La Fuente de San Esteban, próximo de Salamanca, e Barca de Alva, os autarcas opinam que se deveria fazer o mesmo do lado de cá.
O edil de Moncorvo Aires Ferreira observa que tal vai ser \"difícil\" e que o melhor seria pugnar pelo melhoramento da linha do Douro. \"Enquanto demorarmos quatro horas para chegar ao Porto, tal como há 30 anos, dificilmente a ferrovia competirá com a rodovia\", atira.
No campo do asfalto, a construção do IP2, do IC5 e do IC26 continua no topo das reivindicações, muito embora no Douro Sul se defenda a construção do IC26 e do IC34 para desencravar alguns concelhos da margem esquerda do Douro.
O acesso aéreo é assegurado pela Aerocondor, através dos aeródromos de Vila Real e de Bragança.
Fernando Lopes, director comercial daquela empresa, sugere que \"ainda não há uma grande procura turística destes voos\", apesar de estar a crescer. No entanto, há autarcas que já clamam por um aeroporto que suporte voos comerciais de maior capacidade.