A Comissão de Saúde da Assembleia da República vai ouvir, a 04 de janeiro, os médicos que se demitiram do cargo de adjuntos do diretor clínico do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD).

Em outubro, os cinco adjuntos da direção clínica do CHTMAD, com sede social em Vila Real, apresentaram a demissão deste cargo, sem terem explicado publicamente as razões que estiveram na base desta tomada de decisão.

Entretanto, a Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos informou estar a investigar as demissões dos adjuntos.

Os subdiretores que se demitiram vão agora ser ouvidos, em audiência agendada para o dia 04 de janeiro, na Comissão de Saúde do Parlamento.

O presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, explicou em novembro à agência Lusa que o conselho disciplinar da Ordem está a investigar se "houve violação de normas deontológicas na relação entre pares", referindo que em causa poderá estar um problema de "conduta ética".

"A situação de Vila Real é, neste momento, crítica. É uma situação em que há de facto uma grande deficiência daquilo que é o capital humano, nomeadamente na anestesiologia, que é a área mais crítica de todas porque tem interferência direta com todas as especialidades cirúrgicas", frisou Miguel Guimarães.

Este é, segundo o responsável, um problema "que se arrasta já há alguns anos" e que "o poder político não tem sido capaz de resolver".

"Mais recentemente, a intervenção que está a ser utilizada para tentar resolver a situação está a ser sem a colaboração dos profissionais de saúde de Vila Real e isto está a causar perturbações grandes dentro do hospital e que levou, inclusivamente à demissão de cinco adjuntos da direção clínica", referiu.

Também, desde outubro, pediram a demissão dos cargos os diretores dos serviços de cirurgia, anestesiologia e imagiologia.

O conselho de administração do CHTMAD informou, em novembro, já ter nomeado os novos adjuntos da direção clínica e, relativamente à posição da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos, a administração disse "nada tem a comentar".

"A principal preocupação do conselho de administração é que estas mudanças de chefias não influenciem o normal funcionamento da instituição, garantindo assim a contínua qualidade assistencial prestada por este centro hospitalar", frisou a fonte da unidade hospitalar.

Miguel Guimarães referiu que a Ordem dos Médicos já alertou por três vezes, no último ano e meio, para a situação da falta de médicos e a insatisfação entre os profissionais no CHTMAD, no entanto frisou que a "situação continua por resolver com um prejuízo enorme para a população de Vila Real".



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