Os emigrantes portugueses estão a ser «aconselhados» a sair do Luxemburgo por panfletos xenófobos, da autoria de um conhecido economista daquele país, fundador de um movimento nacionalista. A Polícia Judiciária luxemburguesa está a investigar o caso.
Da autoria de Pierre Peters, um conhecido economista e fundador do \"National Bewegong\" (trad.: Movimento Nacionalista), os panfletos têm sido colocados nas caixas de correio do Grão-Ducado do Luxemburgo, acusando os emigrantes portugueses, franceses e os oriundos dos Estados da ex-Jugoslávia de provocarem o aumento de impostos e porque \"poluem o país\".
Na última semana, aquelas comunidades foram aconselhadas a saírem do país com um afirmativo \"Estrangeiros rua!\" em luxemburguês. \"Por causa dos estrangeiros estamos cada vez mais pobres e somos nós que pagamos por eles\", alega Peters, que há seis meses levou a cabo semelhante distribuição de panfletos, mas apenas nas localidades de Tétange e Kayl.
Apesar de ter sido alvo de buscas domiciliárias pela Polícia Judiciária luxemburguesa nas suas duas residências, na última terça-feira, Peters reforçou as posições xenófobas no site que entretanto criou (www.hemecht-an-natur.lu). O economista acabou por prestar só declarações às autoridades, não ficando detido.
Em declarações à RTL (Rádio e Televisão do Luxemburgo), o procurador do Ministério Público George Oswald revelou que a intervenção policial não foi pontual e que, desde Julho de 2010, Peters está a ser investigado pelos crimes de incitamento ao ódio e discriminação. O economista ganhou protagonismo, liderando um partido de Extrema-Direita - já extinto - com um resultado inesperado nas eleições de 1989 (ler detalhes ao lado).
Lembre-se que na mesma altura um e-mail propagou-se pelas autoridades daquele país, no qual os portugueses eram não só ridicularizados, devido às suas tradições, como acusados de quererem viver à custa do assistência médica gratuita concedida pela Caixa de Saúde luxemburguesa (ler texto em baixo).
Ao JN, o presidente da Confederação da Comunidade Portuguesa no Luxemburgo, José Coimbra de Matos, admitiu que tais acções provocam elevada \"apreensão\". \"Este panfleto é preocupante porque se trata de algo que segue um comportamento que tem sido recorrente nos últimos meses e que passa por denegrir a imagem dos portugueses e outras comunidades\", disse, acrescentando que \"as autoridades têm de estar atentas, de modo a identificar os autores deste tipo de acções\".
O deputado do PS Paulo Pisco, eleito pelo círculo da Europa , explicou, ontem, que \"estas manifestações de carácter xenófobo merecem uma forte acção do Estado luxemburguês, de modo a travar o aumento da sua proporção\".
\"Há aqui uma dupla violação dos direitos dos cidadãos na União Europeia: porque são naturais de um dos Estados e porque podem ter as suas actividades noutros económicas num outro país também da União\", salientou, ao JN.