Em 1997, na aldeia de Casas de Monforte, na freguesia de Águas Frias, em Chaves, foi iniciada a construção de um centro de dia para idosos. A obra ficou praticamente pronta há cerca de um ano e meio. Porém, até agora, as pequenas adaptações necessárias para o seu funcionamento ainda não foram feitas. Por isso, continua de portas fechadas. A Junta e a população estão \"por fora\" da situação e, apesar da obra estar quase concluída, dizem que não sabem bem o que é \"aquilo\". No entanto, a nova Câmara garante que já está a tentar resolver o caso.

Em 1997, a Junta de Águas Frias e o presidente da Câmara de Chaves, Alexandre Chaves, decidiram transformar a antiga residência do padre, em Casas de Monforte, num centro de dia para idosos.

Para esse efeito, e porque o edifício também iria servir para guardar alguns objectos e material da própria paróquia, a Comissão Fabriqueira da Igreja doou o terreno. A Junta e a Câmara deram parte do dinheiro necessário para o arranque da primeira fase da obra e a outra parte do investimento foi conseguido através de um peditório pela população da aldeia, para o qual contribuíram também alguns emigrantes. Nesta primeira fase, o edifício ficou com a primeira placa construída e com as paredes laterais feitas.

No entanto, para a conclusão do centro de dia, foi necessário recorrer ao projecto flaviense de Luta Contra a Pobreza que, à semelhança do que aconteceu noutras freguesias do concelho, financiou o investimento necessário para o fim da obra: 22.500 contos.

O centro ficou praticamente pronto há cerca de um ano e meio. Para a sua entrada em funcionamento eram apenas necessárias algumas obras de adaptação, sugeridas pela Segurança Social, no sentido de dotar a estrutura de apoio a idosos de uma valência para crianças. Além disso, era ainda necessário construir rampas de acesso para deficientes e proceder ao alargamento da cozinha.

Porém, até agora, essas obras ainda não foram feitas e, por isso, o centro continua fechado.

A nova Câmara Municipal garante que está a fazer \"tudo\" para \"agilizar\" o processo e pÎr o centro a funcionar \"o mais depressa possível\". Segundo a vereadora responsável pela área social, Maria de Lurdes Campos, o projecto que prevê as alterações já foi posto a concurso e, por isso, acredita que a obra venha a ficar definitivamente pronta em Outubro.

População e Junta «por fora»

Apesar do edifício não passar despercebido a ninguém, na cabeça da população de Casas de Monforte reina a confusão e nem os próprios membros da Junta conhecem muito bem a finalidade e o modo de funcionamento do futuro centro dia. \"Nem sabemos bem o que ali está. Uns dizem uma coisa, outros dizem outra\", revelou ao Semanário TRANSMONTANO um casal de idosos residentes naquela localidade. \"Há muitas pessoas que até me vêm perguntar: afinal aquilo para que é?\", explica por sua vez o presidente da Junta, Alexandre Fernandes, eleito pelo PSD, justificando o seu desconhecimento face à obra com o facto de a anterior Câmara, presidida pelo socialista Altamiro Claro, sempre o ter posto \"de parte\". \"Não me chamaram para nada\", frisa ainda. O secretário da Junta, residente em Casas de Monforte, também não sabia explicar porque é que o centro ainda não estava a funcionar.

Alexandre Fernandes adverte, porém, que nunca esteve \"contra\" a construção do centro. \"Só estou contra que seja a Santa Casa da Misericórdia, que não investiu lá um tostão, a tomar conta daquilo\", refere o autarca.

De facto, será a Santa Casa da Misericórdia de Chaves e Boticas (SCMCB) que vai ficar com a gestão do centro. Ou seja, responsável por contratar o pessoal necessário e a assegurar o funcionamento da estrutura, bem como pelo apoio domiciliário, que também está previsto. Para o efeito, receberá uma comparticipação da Segurança Social e, na eventualidade da quantia vinda deste organismo não ser suficiente, os serviços prestados pela Santa Casa serão pagos pelos utentes, em função da reforma que recebem. A entrega da gestão do centro à Santa Casa foi feita em Dezembro do ano passado, num protocolo estabelecido entre a Câmara de Chaves, a Comissão Fabriqueira da paróquia de Águas Frias e o Projecto de Luta Contra a Pobreza.

Envolver a população

A responsável pelo Projecto de Luta Contra a Pobreza, Maria Vilhena, garante que, para já, não existem no concelho outras instituições com \"capacidade\" para fazer este tipo de gestão. E, por isso, entende que não havia outra solução \"melhor\" do que a de entregar o centro à SCMCB, embora reconheça que o \"ideal\" seria que nas próprias freguesias se criassem instituições de solidariedade social capazes de gerir essas estruturas.

No entanto, ao contrário do que teme o presidente da Junta, o edifício não vai passar para as mãos da SCMCB, apenas lhe foi cedido em regime de comodato, por um período de dez anos, mas o espaço continua a pertencer à população.

Para Maria de Lurdes Campos, esta relutância e estes \"medos\" do presidente da Junta são fruto da política seguida pelo PS, que \"não envolvia a população\" nos projectos. Um \"problema\" que, assegura, o seu executivo está a tentar resolver. Por isso, a partir de agora, promete uma filosofia diferente, no sentido de que \"todos lutem pelo mesmo\" e que as instituições cumpram os objectivos para que são criadas.



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