Uma exposição, a apresentação de um livro, uma conferência ministrada por D. José Cordeiro e uma Cantata na Catedral foram a forma da Fundação Mensageiro de Bragança celebrar a vida e obra do padre Formigão.
A Fundação Mensageiro de Bragança dedicou todo um programa de dois dias, a 26 e 27 de maio, de homenagem ao cónego Manuel Nunes Formigão, não só pelo “papel ativo” que desempenhou após as Aparições de Nossa Senhora em Fátima, mas, também, por toda a sua obra desenvolvida em Bragança.
Mas comecemos pelo início, descritivamente, o programa compreendeu uma exposição inaugurada sexta-feira no museu etnográfico Dr. Belarmino Afonso, sobre a vida e obra de tamanho vulto da sociedade portuguesa e, em particular, da comunidade brigantina. Seguiu-se a apresentação no Auditório Paulo Quintela do livro“Santas e Santos no Ano da Santidade”, “uma coletânea” de textos publicados no jornal Mensageiro de Bragança durante o ano da Santidade, da autoria do padre Joaquim Leite e que contou com a presença de D. José Cordeiro. Numa sessão presidida pelo bispo diocesano, teve lugar uma breve conferência sobre a passagem do cónego Manuel Formigão pela diocese transmontana.
Contudo, o momento alto aconteceu no segundo e último dia, sábado à tarde, com a realização de uma Cantata na Catedral sobre a vida do homenageado, interpretada pelo coro e solistas alunos do Conservatório de Música de Ourém e Fátima e pela Orquestra Clássica de Fátima e cujo texto foi escrito pelo monsenhor Arnaldo Pinto Cardoso, postulador da causa de canonização do servo de Deus, enquanto a música esteve a cargo do padre António Cartageno.
Momentos antes da exposição ser inaugurada, o Diário de Trás-os-Montes esteve à conversa com o diretor do Mensageiro de Bragança que, resumidamente, narrou a vida do padre que, mais tarde, viria a ser conhecido como o “Apóstolo de Fátima”. “Em 1917, quando começou o fenómeno das aparições, o padre Formigão foi enviado à Cova de Iria para interrogar os pastorinhos. Supostamente, iria para desmistificar tudo aquilo que estava a acontecer, os ajuntamentos de pessoas, as visões de que se falava, mas, depois, não só ficou crente no fenómeno de Fátima como foi um dos seus maiores impulsionadores”, começou por explicar António José Rodrigues, para quem a vida do Cónego se expande muito para além da Mensagem de Fátima, numa espécie de ligação íntima com a capital nordestina. “Em 1935, o cónego Formigão vem para a Diocese de Bragança-Miranda, onde foi capelão na Santa Casa da Misericórdia. Fundou o Patronato de S. António para rapazes e o Patronato Nossa Senhora de Fátima para raparigas e que, mais tarde, seria entregue às Irmãs do Sagrado Coração de Jesus. Em 1940, foi o primeiro diretor do jornal diocesano do Mensageiro de Bragança e seu grande impulsionador. Aliás, em 1943, ele saiu para Évora, mantendo-se como diretor até 1946”, revelou o entrevistado que foi, não só um dos principais intervenientes na organização desta efeméride, mas, também, em parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Bragança, com o Seminário diocesano de S. José, o Patronato de Santo António e as Irmãs do Sagrado Coração de Jesus, um dos motivos do seu sucesso.
ALGUNS DADOS HISTÓRICOS...
De acordo com uma nota biográfica providenciada pelo Santuário de Fátima, "o padre Manuel Nunes Formigão nasceu em Tomar, a 1 de janeiro de 1883 e aos 12 anos entrou no Seminário Patriarcal em Santarém, onde realizou os estudos eclesiásticos.
A 13 setembro de 1917 foi, pela primeira vez, à Cova da Iria como simples curioso e “profundamente cético relativamente aos factos que se diziam ali estarem a acontecer”.
Não se aproximou do local das aparições e saiu de Fátima ainda “mais cético, pois não presenciou nada de invulgar, apenas notando a diminuição da luz solar por altura das supostas aparições, mas facto que não deu qualquer importância”.
No entanto voltou a Fátima, em concreto, a Aljustrel, no dia 27 desse mesmo mês a fim de interrogar, em separado, os três videntes.
A este interrogatório sucederam-se outros nas semanas seguintes, nomeadamente o efetuado no dia 13 de outubro, horas depois da última aparição e depois de ter sido testemunha, juntamente com mais de 60 mil pessoas ao assombroso fenómeno solar, que o povo apelidou como “Milagre do Sol”.
O servo de Deus faleceu em Fátima, a 30 de janeiro de 1958, e no ano 2000 a Conferência Episcopal Portuguesa concedeu a anuência para a introdução da causa de Beatificação e Canonização do Apóstolo de Fátima".
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