Com o renascimento do interesse pelo cânhamo, esta cultura podia trazer novas mais valias para a região, se o seu cultivo, actualmente subsidiada pela União Europeia (UE), fosse retomado no Vale da Vilariça, onde já teve grande desenvolvimento.

A planta tem variadíssimas aptidões, nomeadamente têxtil, cordoaria, papel, forragem para animais, e é também um concorrente da indústria petroquímica, por poder ser usado na produção de biodisel e na bio-construção.

O cânhamo foi a maior cultura agrícola que houve no concelho de Torre de Moncorvo, mas foi completamente posta de parte nos anos 1970. Com o regresso dos retornados de África, gerou-se a confusão entre a cannabis e aquela planta. \"São exactamente iguais, só diferem no teor de THC (propriedade estupefaciente) - o cânhamo tem um teor de apenas 0,3 por cento, não tem efeitos psicotrópicos\", explicou João Carvalho, investigador e autor de um estudo sobre o cultivo do cânhamo em Torre de Moncorvo no século XVIII.

A população transmontana teve receios em continuar com a produção, porque se dizia que era droga. Por isso, arrancou as plantações e enterrou-as. Agora, não se sabe se zona ainda mantém a mesma apetência para esta cultura, porque o fenómeno que garantia a fertilidade do Vale da Vilariça já não se verifica. \"O derrube do grande penedo da Valeira e as barragens construídas entretanto já não permitem o equilíbrio ecológico, que garantia a inundação do Vale do Sabor e Vilariça\" adiantou o autor do estudo. No concelho a planta extinguiu-se completamente.

Em Portugal a produção é muito residual. Há ainda uma grande empresa em Vouzela, que foi pioneira no comércio de produtos derivados de cânhamo. A cultura voltou a poder ser produzida em 1987, um ano depois da entrada na UE. Actualmente, a cultura do cânhamo é subsidiada com cerca de 300 euros por hectare. Os apoios ao plantio tem como condição que sejam usadas sementes certificadas, e com um teor de THC que não ultrapassa os 0,3 por cento.



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