A organização do Congresso de Medicina Popular de Vilar de Perdizes, em Montalegre, quer inscrever o evento lançado pelo padre António Fontes, em 1983, no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, foi hoje anunciado.
A edição 2024 do Congresso de Medicina Popular decorre entre 30 de agosto e 01 de setembro, naquela aldeia do concelho de Montalegre, no norte do distrito de Vila Real.
“Apesar de ser uma ambição muito grande, nós estamos a preparar uma candidatura para o Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial”, afirmou hoje à agência Lusa Nuno Alves, presidente da Associação de Defesa do Património Vilar de Perdizes, que organiza o congresso.
O responsável adiantou que este poderá ser o primeiro passo para uma candidatura ao Património Mundial da UNESCO.
“Este congresso merece destaque a nível nacional e a nível mundial. Lançaram-nos este desafio para o qual olhamos com bons olhos”, referiu, revelando a “ambição de dar este presente ao padre Fontes”.
António Lourenço Fontes lançou o congresso em 1983 para “reforçar o valor da medicina popular e o poder das plantas para combater doenças”, mas foi a junção do sagrado e do profano protagonizado por um padre que chamou a atenção para a iniciativa.
A aldeia de Vilar de Perdizes possui uma tradição em medicina popular que reflete a sabedoria acumulada de gerações que utilizaram os recursos naturais disponíveis para promover a saúde e curar doenças.
O congresso não só celebra essas práticas, mas também as revitaliza, incentivando o uso sustentável de plantas medicinais e outras terapias naturais, garantindo que esses conhecimentos sejam transmitidos e adaptados às necessidades contemporâneas.
E é por isso que, no arranque da 38.ª edição, vai ser feita uma homenagem às “memórias vivas”, ou seja a pessoas como o padre António Fontes, Margarida Carrelo, João de Barros Couteiro e Ana Luz da Fonseca, que guardam saberes antigos e populares a nível de ervas medicinais ou rezas tradicionais deste território.
“São saberes ancestrais que se estão a perder no tempo e que queremos preservar e homenagear”, realçou Nuno Alves.
Para a organização, este congresso continua a ser um “exemplo de como tradição e modernidade podem caminhar lado a lado, promovendo o diálogo entre diferentes formas de saber”.
Para além dos investigadores e estudiosos destas matérias, o congresso está de portas abertas a todos, desde curandeiros, bruxos, videntes, médiuns, astrólogos, tarólogos, massagistas, muitos curiosos e turistas.
Segundo Nuno Alves, nesta edição haverá 40 ‘stands’ no recinto, que serão também ocupados por artesãos e produtores de chás, compotas e licores.
O programa inclui a realização 'workshops' para os participantes poderem vivenciar “estas tradições e medicinas alternativas”, bem como atividades paralelas como uma caminhada e um pequeno-almoço no forno do povo, que reabrirá para se cozer o pão que será, depois, servido com compotas, mel e chás produzidos naquela localidade.
Nuno Alves referiu que foi criado um site oficial na Internet do congresso de medicina popular, através do qual se pretende fazer a transmissão ‘online’ das palestras.
O congresso faz-se ainda de animação musical, que estará a cargo do grupo Galandum Galundaina, e inclui a tradição queimada, bebida com aguardente, açúcar e limão que será preparada pelo padre Fontes.
Foto: António Pereira