O conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) exigiu hoje uma reunião urgente ao Governo e a descativação dos 10,3 milhões de euros do saldo de gerência do instituto público.
Os representes do comércio e da produção no conselho interprofissional do IVDP, com sede no Peso da Régua, divulgaram um comunicado conjunto no qual defenderam que se “torna imprescindível, e da maior urgência, a tomada de decisões que possam minimizar a crise instalada e a crise anunciada”.
Os conselheiros apontaram a “crise económica de dimensões sem precedentes” decorrente da pandemia de covid-19 e que afeta a Região Demarcada do Douro e, em especial, o setor dos vinhos do Douro e do Porto.
A produção e o comércio lembraram que apresentaram ao Governo um conjunto de medidas “a serem tomadas de imediato” para diminuir os “prejuízos sentidos pelo setor e que se repercutirão na próxima vindima e nos próximos anos”.
Entre as medidas estão a “majoração da destilação de crise, de modo a cobrir os custos de produção, a constituição de uma reserva qualitativa de vinho do Porto e a execução de campanhas publicitárias de reativação das vendas”.
“Estas medidas deverão ser tomadas setorialmente sendo necessário apenas que o Governo autorize a descativação do saldo de gerência do IVDP existente, que já ascende a 10,3 milhões de euros, conforme informação do senhor presidente do IVDP, e que é exclusivamente constituído por receitas do setor resultantes de taxas cobradas sem qualquer contrapartida para a região”, defenderam.
Os conselheiros dizem que o “setor e a região necessitam urgentemente que tal autorização seja dada” e sublinharam que, “até à data de hoje, não foi obtida qualquer resposta ou sinal concretos”.
“O conselho interprofissional exige a resolução do problema, assim como exige uma reunião urgente com o Governo até o final da próxima semana na certeza de que o presidente do IVDP, que é por inerência presidente do conselho interprofissional, nada fará para minimizar esta crise, dado não ter subscrito esta declaração e nem sequer se ter dignado comentá-la, apesar do conselho o ter solicitado”, afirmaram.
Para os conselheiros do interprofissional, o Governo “tem nas suas mãos a oportunidade de minimizar a crise, sendo apenas necessária uma decisão para que descative verbas que, afinal, são do setor”.
Os representes da produção e do comércio consideram que “é urgente que o Governo o faça, devolvendo ao setor e à região o que é seu” e alertaram para que, se tal não acontecer, “rapidamente se irá instalar na Região Demarcada do Douro uma enorme catástrofe”.
O conselho interprofissional é um órgão de representação paritária da produção e do comércio competindo-lhe a gestão das denominações de origem e indicação geográfica da Região Demarcada do Douro.
As medidas para combater a pandemia paralisaram setores inteiros da economia mundial e levaram o Fundo monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona euro e de 5,2% no Japão.
Em Portugal, o Governo prevê que a economia recue 6,9% em 2020 e que cresça 4,3% em 2021.
A taxa de desemprego deverá subir para 9,6% este ano, e recuar para 8,7% em 2021.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 454 mil mortos, incluindo 1.527 em Portugal.