A comunidade portuguesa de São Paulo deixará, se confirmada a mudança, de utilizar uma rota central da cidade para chegar ao Consulado Geral de Portugal, que funciona à Avenida da Liberdade, 602, no centro.

O órgão, que esteve sem cônsul há um ano e cerca de dois anos e meio sem vice-cônsul, passou pela “malha fina” do governo no quesito “fechamento”, que gerou protestos em praticamente todas as comunidades no mundo. Mantido em suas atividades, recebeu recentemente a tão esperada nomeação do novo representante diplomático, o Dr. Luís Manuel Barreira de Sousa que, até o momento, “não se apresentou” oficialmente, nem aos órgãos de comunicação social nem à comunidade num todo, uma chagada tímida, ainda sem um vice cônsul, e seguida já dando conta da saída de um bairro acessível para uma região complicada em termos de trajeto e custo elevado.

Devido a essas decisões, sem qualquer intenção de ouvir a própria comunidade local, surgiram algumas reações de representantes contra as atitudes não esclarecidas. Circula em São Paulo um abaixo assinado que vem recebendo muitos nomes para ser encaminhado para Lisboa. O deputado Carlos Luís (PS), também encaminhou documento para a Assembléia da República, onde disse estar “surpreso” com a “novidade” que surgiu em primeiro plano, logo na chegada do novo cônsul, referindo-se à “procura de novas instalações”, quebrando com isso “uma história de afinidades de décadas com a comunidade local”. O deputado lembrou que na recente gestão de José Lello, o mesmo órgão sofreu uma grande remodelação, com muitas melhorias no atendimento ao emigrante residente em São Paulo, portanto estando em perfeitas condições para seguir suas atividades.

A Casa de Portugal de São Paulo, tida como “Casa Mater” da comunidade, desempenha papel primordial na divulgação da cultura portuguesa no Brasil, somando portanto, prestígio ao consulado que, num mesmo espaço, pode disponibilizar de uma biblioteca com anfiteatro para 150 pessoas, salão nobre com capacidade para 250 pessoas, salão de festas para 1300 pessoas, restaurante para 120 e ainda uma galeria de arte. A entidade abriga (ainda), outros órgãos importantes, como a Câmara Portuguesa de Comércio, o Conselho da Comunidade Luso Brasileira de São Paulo, Instituto Camões, etc.

Conforme o documento do deputado Carlos Luís, a opção para instalação do consulado nos Jardins, região da classe alta de São Paulo, revela que os custos de locação são extremamente elevados, o que custaria para o órgão, valores acima de 70 mil reais/mês, cinco vezes mais que as atuais despesas (inexplicável se lembrarmos que muito recente, muitos consulados foram fechados para – contensão – de despesas) e mais, isolando a representação diplomática portuguesa num bairro onde não há nenhuma tradição neste tipo de serviço. “O problema mais grave e preocupante para a comunidade de São Paulo é que, na Liberdade há uma excelente rede de transportes coletivos municipais e estaduais, já nos Jardins, além de não ter linha de Metro, na maioria das ruas não existe circulação de ônibus, penalizando portanto, os usuários para esses serviços”, diz o deputado solicitando “esclarecimentos” ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, sobre os motivos que determinaram a transferência, por reestruturação, contensão, melhoria da imagem?

No último dia 16 de agosto, em matéria publicada pela Agência Lusa, o Secretário José Cesário considerou, em Viseu, inaceitável o fato de haver países com 17 consulados portugueses abertos (caso da França) e outros com apenas um órgão (caso do Reino Unido por exemplo), segundo ele, haverá “maior igualdade” entre as comunidades, dizendo que estará empenhado para atingir essas metas por conta da reestruturação da rede. Durante a sessão de encerramento do VI Encontro Europeu de Jovens Luso-descendentes, em Viseu, apelidou de “conservadores” aqueles que “preferem agarrar-se às estruturas que estão” e aos quais repugna qualquer mudança, justificando que o encerramento dos consulados é apenas uma das medidas da reestruturação”, dizia a meteria da Lusa, destacando outra declaração de Cesário, referindo que há comunidades com mais de 100 mil pessoas sem apoio consular, lamentou, frisando que pretende acabar com este tipo de “injustiças”. José Cesário avançou que, dentro de dois meses, cinco consulados vão, a título experimental, começar a emitir bilhetes de identidade, nomeadamente Genebra, Paris, Toronto, Joanesburgo e São Paulo. Com a inovação, os emigrantes portugueses vão passar a obter em dois ou três dias o bilhete de identidade, como se residissem em Portugal, em vez dos atuais seis meses a um ano, conforme a matéria da Lusa. O que não foi colocado, é porque antes da melhoria dos serviços, promoverem a dificuldade do deslocamento para buscar os serviços, contrastando com a idéia de “melhoria”, ou “facilidade”, ou “praticidade”.

Em documento enviado ao secretário geral Eduardo Ferro Rodrigues, representantes do PS em São Paulo também externaram grande indignação interpretando o murmúrio da total incompreensão verificada, “e por acharmos de todo inconveniente e errada esta decisão, que apenas irá dificultar a vida da nossa comunidade, pedimos que o secretário interpele o Primeiro Ministro dos Negócios Estrangeiros, no sentido do esclarecimento público desta medida que, para além de polêmica, é com certeza, de natureza política regada de uma falta de visão prática para melhor servir os interesses da comunidade e seus descendentes, não ouvidos no assunto, que aliás, é do seu mais alto interesse”, encerra a nota.
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