O consumo de cannabis não é legal em Portugal, exceptuando em casos médicos claramente estipulados. Ainda assim, a tendência mundial está a ser para a legalização do consumo desta droga, o que tem gerado controvérsia, a nível internacional. Muitos estudos têm, desde que a tendência para a liberação se iniciou, debruçado o seu interesse e a sua pesquisa sobre esta questão e, nos resultados obtidos, têm sido encontrados argumentos que favorecem e que criticam a legalização da cannabis. Um dos estudos mais preocupantes partiu da Universidade Oxford, situada em Inglaterra e da Universidade de MGill, no Canadá. Fazendo uma revisão inclusiva de vários estudos prévios, este estudo retirou conclusões preocupantes quanto ao efeito que o consumo de cannabis junto das camadas mais jovens pode ter para a sua gestão emocional. Relacionando o consumo de cannabis, as tendências depressivas e as tentativas de suicídio, este estudo apresentou resultados que a comunidade científica considera válidos, apesar de lhe serem, também, apontadas algumas lacunas. Numa fase onde se fala cada vez mais da relação entre legalização da maconha e a redução do consumo, vale a pena compreender quais são os potenciais riscos que a liberalização da droga pode ter, a nível físico e emocional, nos seus consumidores frequentes.

O estudo, a amostra e as conclusões

A universidade britânica de Oxford e a canadiana Universidade de McGill foram os agentes responsáveis pelo estudo que fez a revisão científica de 11 estudos prévios. Ao fazer esta revisão da literatura, o estudo somou o equivalente a uma amostragem de 23 mil pessoas no seu estudo, com idades situadas entre o começo da adolescência e os 32 anos.

Apenas com base nesta análise, o estudo compreendeu que os consumidores de cannabis têm 50% mais probabilidade de vir a tentar suicidar-se do que os não consumidores,

havendo também uma probabilidade 37% maior de estes consumidores apresentarem quadros clínicos de depressão. A depressão demonstrada pelos consumidores não teve uma análise específica considerando que o estudo se baseava na análise de outros. Ainda assim, a teoria apresentada pelos investigadores é a de que a o agente psicoativo presente na droga – o THC – dificulte a libertação natural de dopamina pelo corpo, sendo que, com a habituação, o corpo passa a necessitar deste composto para libertar o neurotransmissor responsável pela sensação de felicidade, alegria e bem-estar.

As lacunas do estudo

Várias lacunas foram apontadas a este estudo, sem que a validade da sua argumentação fosse, no entanto, questionada. Uma das críticas prendeu-se com o facto de o estudo considerar o consumo geral de cannabis quando, na realidade, os índices de THC presentes na planta são muito variáveis, impactando nos seus efeitos. A maior entre as lacunas encontradas, no entanto, tem diretamente a ver com os quadros depressivos e as tentativas de suicídio, já que não é previsível se a situação advém do consumo ou se são, à partida, pessoas com estas tendências, a procurar mais a droga, para procurarem escapar às emoções negativas e gerar momentos de prazer e bem-estar.



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