Na região do Nordeste Transmontano, a toxicodependência ainda não é considerada uma situação \"de risco ou grave\". No entanto, durante a sessão de assinaturas dos protocolos dos Planos Municipais de Prevenção Primária de Toxicodependência dos concelhos Bragança, Mirandela e Macedo de Cavaleiros, os vários responsáveis lembraram que o problema está \"escondido\" no interior do país e que está a constatar-se cada vez mais nos meios pequenos. E, apesar do elevado consumo de droga e do número de toxicodependentes ser mais notório nas cidades mais desenvolvidas, nomeadamente Lisboa, Setúbal e Porto, segundo dados apresentados pelo Instituto Nacional de Estatística relativos ao ano de 2002, existem já números \"preocupantes\" de consumo de drogas no interior do país.

Na opinião do presidente da Câmara Municipal de Bragança, Jorge Nunes, este é um problema que poderá estar ligado às oportunidades económicas que os jovens encontram na região. \"Alguns jovens do meio rural, que muitas vezes não têm oportunidade de realizar a sua vida, procuram os caminhos mais fáceis. Um desses caminhos poderá ser a droga\", justificou o autarca. Segundo o executivo camarário, é também \"importante\" que se invista na construção de uma unidade terapêutica na região do nordeste transmontano, para dar continuidade ao trabalho de prevenção. \"Uma unidade terapêutica no interior norte impunha-se\", sublinhou Jorge Nunes.

No entanto, perante os níveis de toxicodependência no Nordeste Transmontano, o presidente do Instituto Português da Droga e Toxicodependência (IPDT), Fernando Negrão, afirmou que \"não se justifica\" a criação da referida unidade de tratamento. \"As pessoas são encaminhadas para outras zonas do país. Há clínicas no Porto, por exemplo. E por vezes é melhor que os toxicodependentes se afastem da sua área residen-cial\", explicou o dirigente.

Segundo Fernando Negrão, \"é importante começar a atacar nestas regiões, onde o problema está escondido, mas existe\". Para isso, afirmou, é também \"fundamental\" que haja uma \"conjugação de esforços\" das mais variadas instituições nesse sentido. Relativamente aos planos de prevenção primária, que actualmente são de um ano, o presidente do IPDT defende que deviam ser alargados para dois anos, argumentando que \"antes de uma boa avaliação não se pode definir uma boa estratégia\".



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