A Câmara de Montalegre aprovou hoje um parecer positivo à reativação das minas de volfrâmio na Borralha, uma decisão contestada por ativistas que se opõem à exploração mineira naquele concelho do distrito de Vila Real.

À porta da casa do povo da aldeia de Travassos do Rio, onde decorreu a reunião descentralizada do executivo municipal, manifestaram-se esta tarde opositores às minas que empunharam cartazes onde se podia ler “Morte do Barroso” ou “Não à mina, sim à vida”.

A Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) solicitou um parecer sobre o pedido de contrato de exploração experimental da "Borralha", para exploração de depósitos minerais de volfrâmio, estanho e molibdénio, pela Minerália — Minas, Geotecnia e Construções, em área dos concelhos de Montalegre e Vieira do Minho.

As minas da Borralha, na freguesia de Salto (Montalegre), abriram em 1902, encerraram em 1986 e chegaram a ser um dos principais centros mineiros de exploração de volfrâmio em Portugal.

O presidente da Câmara de Montalegre, Orlando Alves (PS), disse à agência Lusa que foi aprovado o parecer positivo ao projeto que pretende “reativar a exploração de volfrâmio nas antigas minas da Borralha”, considerando que pode “ser importante para o território e indutor do desenvolvimento, criação de riqueza, de postos de trabalho e fixação de pessoas”.

“Essa é a coragem que se exige a quem tem que decidir. A política tem que ser feita com coragem e sem medo”, salientou o autarca.

O parecer foi aprovado com três votos a favor do PS, valendo o voto de qualidade do presidente, uma abstenção por parte de um vereador socialista e três votos contra de um vereador socialista e dois do PSD.

Orlando Alves explicou que o parecer emitido pelo município é uma “mera formalidade” e que “não é vinculativo”.

“A exploração de volfrâmio faz parte da nossa história. Faz parte da história e da riqueza do Barroso”, frisou.

O autarca ressalvou que a “concessão da exploração só será feita se a empresa apresentar o necessário Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e referiu que, atualmente, será feita em “moldes completamente distintos” dos de há 40 anos, com mais rigor ambiental e mais controlo por parte das entidades competentes.

Armando Pinto, em nome da Associação Montalegre Com Vida, apontou a “indignação e desilusão para com o executivo municipal” e afirmou que a luta “não é contra o lítio”, referindo-se à concessão anunciada para a freguesia de Morgade, “mas contra toda e qualquer exploração mineira no concelho”.

“O parecer positivo dado por este executivo à concessão mineira com a denominação Borralha define de forma inequívoca de que lado está o executivo municipal e não é, de forma alguma, do lado do povo”, salientou.

Este responsável acrescentou que, “tendo em conta que o concelho tem cerca de 25% da sua área ameaçada com pedidos de prospeção, este parecer é, sem dúvida alguma, o abrir de portas para todo o tipo de exploração mineira em Montalegre”.

“Já tivemos o exemplo das minas da Borralha para percebermos que este tipo de exploração não traz desenvolvimento, emprego nem fixa pessoas à terra. O passivo ambiental deixado nas minas da Borralha não nos ensinou nada?”, questionou.

Armando Pinto apontou preocupações com a exploração a céu aberto da mina e a proximidade com a barragem da Venda Nova. “Isto em troca de meia dúzia de tostões e 24 postos de trabalho”, frisou.

Contactado pela Lusa, o presidente da Junta de Salto, Alberto Fernandes, defendeu o projeto mineiro considerando que “pode ser importante” para a freguesia que teve sempre um “carinho especial pelas minas da Borralha”.

“Esperamos que a exploração seja retomada em outros moldes, com outros cuidados e mais amiga do ambiente. Nós vamos estar atentos”, frisou.

O autarca apontou “mais-valias” resultantes como a “criação de emprego e um maior movimento para os negócios locais”.



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