O presidente da Câmara de Vila Real disse hoje que o município está a estudar a hipótese de abandonar a empresa Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro (ATMAD) porque «perdeu a liberdade de controlar» o preço da água entregue aos cidadãos.

Manuel Martins adiantou que já pediu um parecer, com \"alguma urgência\", sobre a possibilidade de se retirar da ATMAD, que foi criada em 2001 e agrega 30 municípios transmontanos.

Esta empresa foi criada por impulso do então ministro do Ambiente, José Sócrates, para resolver os problemas de abastecimento de água e saneamento na região transmontana, contando com um investimento de 350 milhões de euros, dos quais 250 milhões são financiados pelo Fundo de Coesão da União Europeia.

O autarca de Vila Real olha para a empresa intermunicipal com \"alguma desconfiança\" porque o seu município \"perdeu toda a liberdade de controlar o preço da água que entrega aos cidadãos\".

Martins diz ainda que os transmontanos pagam a água mais cara do país.

Na região transmontana a tarifa da água cobrada aos municípios é de 0,56 euros/metro cúbico), superior ao de outras regiões (0,36 euros), como a praticada na área do Porto.

O vereador e administrador da Empresa Municipal de Água e Resíduos (EMAR), Miguel Esteves, acrescentou que, pelo mesmo serviço, são imputados preços muito mais elevados aos transmontanos.

Por isso mesmo, diz defender \"um tarifário idêntico para todo o país\".

Martins referiu ainda que o seu município foi \"coagido\" a aderir à ATMAD porque, na altura, o então ministro José Sócrates \"punha em causa\" a construção da Estação de Tratamento de Águas e Resíduos (ETAR) de Vila Real.

Caso a autarquia de Vila Real saia do sistema, o autarca está convicto que outros municípios possam fazer o mesmo, podendo vir a ser criada uma associação de municípios que realize todos os serviços que a ATMAD presta.

O gestor da ATMAD, Alexandre Chaves, apenas referiu que cada accionista é livre de equacionar o seu futuro nesta empresa, no entanto lembrou que a adesão ao sistema \"foi feita livremente\".

O responsável reconheceu que a questão tarifária tem gerado críticas e reparos de alguns municípios e acrescentou que esta é uma matéria que será toda em conta na reorganização que vai ser feita na empresa até ao final do ano.

\"A empresa tem que ser financeiramente sustentada e as tarifas ajustadas em termos económicos e ambientais\", frisou.



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