Natural de Bragança, Lauren Maganete regressa à sua cidade-berço depois de ter partido aos 5 anos, aquando da morte do pai, para mostrar o seu trabalho numa exposição intitulada “Imaginário de um Trem”.
O Centro de Fotografia Georges Dussaud serviu de palco à inauguração de uma exposição intitulada “Imaginário de um Trem”. A artista por detrás da objetiva nasceu na capital do nordeste, mas partiu por volta dos cinco anos para Francelos para nunca mais voltar, até à semana passada. No total, Lauren Maganete manteve-se ausente quase um quarto de século da cidade que a viu nascer, trabalhando, agora, como fotógrafa para o município gaiense.
“Apesar de, ainda, ter cá família, já não venho a Bragança há 20, 25 anos. Mas a minha família vai a Vila nova de Gaia e estou com ela regularmente. Parti depois do meu pai ter falecido e eu, se calhar, tenho um bocadinho esse historial. O meu pai, também ele natural daqui, viveu em Bragança muito mais tempo que eu e acho que, de alguma forma, tenho essa memória associada e essa memória é dolorosa”, começou por confessar a autora da mostra fotográfica, justificando, assim, tamanho corte com as suas raízes: “Então eu acho que é um bocadinho por causa disso que esta cidade ficou um bocadinho riscada do mapa porque Bragança é lindíssima, maravilhosa”.
Quanto ao seu trabalho enquanto artista, Lauren usa as cores preto e branco como a base da fotografia de viagem, procurando na imagem um modo de teletransportar o consumidor de arte ou o simples apreciador para lugares aos quais a fotografia nos remete. É esse o seu propósito, levar o visitante numa viagem singular, feita de pormenores que se confundem num misto de sensações irreais, qual peregrino enfrentando o desconhecido, e que nos transportam para um espaço e tempo atuais.
“Esta exposição foi pensada como uma compilação de várias viagens. Não vamos falar de uma retrospetiva de viagens porque isso, obviamente, não existe. Mas sim, é uma compilação de diversas imagens que eu fiz e que eu acho que de alguma maneira elas estão relacionadas com viagens e que de alguma forma se podem interligar”, fundamentou Lauren, que expõe pela primeira vez, quer em Bragança, quer em toda a região transmontana, apesar de já ter mostrado o seu trabalho em Espanha e um pouco por todo o país.
“Cada uma destas imagens é um mundo que fala por si só, é um imaginário e espero que quando as pessoas vierem sintam cada imagem como uma imagem diferente e única através da qual podem viajar”, revelou a fotógrafa contemporânea, que assinala nas viagens o tema central de uma exposição marcada pelo tom negro e pela cor branca, num jogo de contrastes, daquela que é a sua imagem de marca. “O preto e branco é a minha referência, o meu trabalho e eu amo aquilo que faço. Obviamente, na Câmara Municipal de Gaia, o meu trabalho é a cores, mas, depois, toda esta vertente artística é a preto e branco”, sublinhou a autora / criadora de “Imaginário de um Trem”, onde a estação de comboio é, por definição, o enquadramento perfeito e o ponto de partida ideal para o provérbio popular: “O bom filho a casa torna”.
O remodelado Centro de Fotografia Georges Dussaud é, agora, “um espaço que permite fazer estas exposições temporárias e com esta magnifica sala só temos que aproveitar e potenciar”, sublinhou Hernâni Dias
Naquela que é a segunda exposição no Centro de Fotografia Georges Dussaud, após ter sido alvo de uma remodelação, o presidente da Câmara Municipal de Bragança marcou presença, num ato já habitual de demonstração clara de apoio efetivo do executivo à cultura.
“Tendo Bragança estes equipamentos de elevada qualidade como este onde nos encontramos e que foi renovado há pouco tempo, é o tipo de espaço ideal para acolher iniciativas como exposições de fotografias e tratando-se de uma conterrânea, de uma brigantina com vários trabalhos e que nunca tinha exposto em Bragança, veio fazê-lo agora, trazendo à sua terra aquilo que ela consegue captar de artístico para nos poder mostrar”, transmitiu Hernâni Dias à Comunicação Social, depois de inaugurada a exposição que contou com um momento musical solene protagonizada por uma aluna do Politécnico de Bragança que fez brilhar o seu violino.
“A cultura é, de facto, extremamente importante para qualquer comunidade e é aquilo que Bragança tem vindo a fazer tão bem, que é mostrar a sua cultura, mostrar aquilo que de melhor se consegue fazer ao nível da arte e não nos tem faltado, efetivamente, motivos para estarmos satisfeitos”, substanciou o edil brigantino, no encerrar de um dia em que inaugurou duas exposições, reforçando para a cidade a que preside uma visão onde a cultura seja predominante. “ Até porque a atividade cultural tem sido imensa e devidamente apreciada por quem tem essa capacidade, vontade e disponibilidade de visitar os vários equipamentos e, por isso, estamos confortáveis, também nesse papel, de promotores da cultura, seja ela de que forma for”, asseverou o autarca, para quem a cultura é sempre uma aposta segura.