A ex-direcção da Cooperativa Agrícola de Valpaços, a Coopaços, está ser alvo de averiguações. Em causa estão alguns actos considerados pouco transparentes.
No entanto, as averiguações ainda prosseguem e só serão reveladas em Abril Próximo. "Que venha o Ministério Público e que averigúe o que quiser", diz, contudo, o ex-presidente da Coopaços, Leonardo Baptista, convicto de que tudo não passa de um ataque pessoal.
O relatório de contas de 1999 da Cooperativa Agrícola de Valpaços, apresentado em Assembleia Geral no passado dia 17, e ao qual o Diário de Trás-os-Montes teve acesso, denuncia "falta de transparência" e "obscuridade" em alguns actos praticados pela anterior direcção, presidida, desde 1994, por Leonardo Baptista e Marçal Pires, na qualidade de secretário.
Um desses actos refere-se ao aluguer de um tractor agrícola para dar resposta a um dos cursos de formação profissional a jovens agricultores, que foi ministrado por essa instituição em 1998. A máquina foi alugada a Joaquim Oliveira, sogro do ex-secretário, Marçal Pires. No entanto, pelo menos três cheques, no valor total de 1.230 contos, em vez de terem sido passados a Joaquim de Oliveira , foram passados ao portador e movimentados pelo genro, Marçal Pires.
Lê-se ainda no relatório, elaborado pelos três membros do Conselho Fiscal, Flávio Costa de Sousa, Luís Freitas de Sousa, e Eugênio José Morais, que há conhecimento de que Joaquim Oliveira nunca possui qualquer máquina agrícola.
Além disso, o documento denuncia ainda que foram encontrados vários cheques ao portador. O relatório informa também os associados da cooperativa que Leonardo Baptista passou um cheque ao portador no valor de trezentos contos para que orientador dos cursos de formação profissional o levantasse e, depois, lho entregasse novamente. Isto mesmo foi também confirmado pelo, dirigente da Coopaços, António José Morais.
Questionado quanto à observância ou não de actos pouco transparentes por parte da anterior direcção, o dirigente da Coopaços, que já ali trabalhava antes de Leonardo Baptista ter chegado à direcção da cooperativa, admite que a direcção desse ex-presidente de direcção tinha um comportamento "estranho". Ao contrário do que acontecia com anteriores direcções, segundo António José Morais, a direcção encabeçada por Leonardo Baptista "começou a centralizar nela os assuntos mais importantes, entre as quais parte financeira".
Além disso, a propósito da actividade gestão levada a cabo pela direcção de Leonardo Baptista foi " de conflito e desastrosa, sempre virada para um protagonismo pessoal e com vista à sua promoção".
Apesar do clima de suspeição que pesa sobre Leonardo Baptista, este confessou ao Diário de Trás-os-Montes que está de "consciência tranquila". E mais: "não tenho conhecimento que se tenha desviado um centavo", afirmou ainda, acrescentando que o relatório que foi encomendado pela nova direcção lhe é "favorável" e que tudo não passa de "ataques pessoais e acusações difamatórias por parte de alguns dos actuais membros da nova direcção". Um desses membros, apontado por Leonardo Baptista, é vogal do conselho fiscal, Eugênio Morais, também provedor da Santa Casa da Misericórdia de Valpaços. E este, no seu entender querer-se-ia vingar de si por este na junta de freguesia que preside, Sanfins, ter criado um centro dia.
Quanto ao aluguer da máquina agrícola, Leonardo Baptista, afirma que antes de ter sido alugada ao sogro do secretário da direcção foram pedidos outros orçamentos a outras pessoas, mas Joaquim Oliveira foi aquele que fez um preço mais barato. Além de que, garante, o "negócio" foi vantajoso, pois, aquele fez à cooperativa um donativo de 500 contos.
Esta informação não foi, contudo, confirmada quer pelo dirigente quer pelo actual secretário da direcção. Ambos afirmaram ignorar totalmente essa oferta, acrescentando que se ela existisse deveria ter sido emitido um recibo e este não consta na administração da cooperativa.
Por proposta do conselho fiscal, esta situação deveria ser denunciada ao Ministério Público e solicitada uma auditoria de contas.
No entanto, ao que o Diário de Trás-os-Montes apurou junto do actual presidente da cooperativa, Luciano Mesquita, só em Abril, depois de uma análise que está a ser feita por um economista, é que se chegará à conclusão se há ou não matéria para avançar com outras medidas, como, por exemplo, a denúncia ao Ministério Público.
"Que venha o Ministério Público e que averigúe o que quiser", diz, contudo, Leonardo Baptista, afirmando que a sua gestão foi de "total transparência".