A Administração do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro mandou reforçar as fechaduras de todas as janelas do Hospital de S. Pedro, em Vila Real. Um processo que já estava a decorrer há alguns dias, «mas que agora vai ser acelerado», garantiu, ao JN, o administrador, Carlos Vaz.

A medida surgiu na sequência de duas mortes, ocorridas, respectivamente no início de Março e no último sábado, depois de já há cerca de três anos ter acontecido um caso semelhante. Em todas as situações os doentes são encontrados no chão, depois de caírem das janelas da unidade de saúde, tudo apontando para situações de suicídio, uma vez que as janelas não são facilmente acessíveis.

No sábado passado, um homem de 61 anos, residente no município de Mondim de Basto, internado no terceiro andar, foi encontrado sem vida, cerca das duas horas da madrugada. \"Um companheiro de enfermaria, também residente em Mondim de Basto, sentiu frio e acordou. Viu que o homem não se encontrava na cama e foi procurá-lo ao corredor . Só depois espreitou pela janela e viu o corpo no chão\", apurou o JN.

Já no passado mês de Março, um outro homem, de 59 anos, internado no quarto piso do mesmo hospital, e residente em Vila Pouca de Aguiar, também teve morte idêntica.

Carlos Vaz lembra que \"o hospital não é nenhuma cadeia e as janelas são iguais às dos outros hospitais. Estamos a reforçar as fechaduras e a colocar chaves em todas elas. Naquele serviço concretamente (Medicina Interna) já fizemos isso em mais de 20\", referiu.

A família da última vítima está \"revoltada com esta situação\". Preferindo que o nome do pai não seja mencionado, vários filhos do idoso mostraram \"consternação pela actuação do hospital\". \"Ninguém falou connosco até hoje. Foram precisos três dias para realizar a autópsia e na certidão de óbito está escrito que o nosso pai morreu na via pública, o que não é verdade, porque ele morreu no hospital\". Não pretendem processar o hospital, mas exigem que \"a certidão de óbito seja corrigida\".

O administrador do hospital lamenta \"esta situação vivida pelas famílias\" e garante que \"a situação já está a ser alvo de um inquérito\", mas recorda que \"não se pode colocar um funcionário de guarda em cada janela\".



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