O silêncio do inverno transmontano foi rasgado, nesta quarta-feira, pelo colorido dos tradicionais mascarados, no primeiro desfile da Mascararte, a bienal que, durante duas semanas, mostra, em Bragança, a magia das máscaras.
Estimular a criatividade dos mais jovens em torno desta tradição secular é um dos propósitos da iniciativa, segundo a vereadora Fátima Fernandes, da Cultura da Câmara de Bragança, uma das entidades que organizam a mostra.
Deriva daí a presença das escolas da cidade em um dos pontos altos do evento, o desfile dos mascarados, que passou, nesta quarta-feira, pela principal avenida de Bragança, a Sá Carneiro, e foi até a Praça Cavaleiro Ferreira, onde os adereços permanecerão expostos até serem queimados na cerimÎnia de encerramento da bienal.
A Mascararte é, há oito anos, uma mostra e um espaço de promoção e discussão dos rituais por trás das máscaras associados às festas masculinas por ocasião do Natal e do Carnaval, em Trás-os-Montes.
As tradicionais fantasias aquecem o \"Inverno Mágico\" transmontano, animando as aldeias e livrando a comunidade dos males com críticas mordazes, ao mesmo tempo que celebram a emancipação dos jovens homens.
Tudo oculto pelas máscaras de madeira ou lata que a região portuguesa partilha com outras do mundo convidadas da bienal Mascararte, que já está em sua quarta edição.
Depois de África e do Brasil, até 11 de dezembro as convidadas especiais são as máscaras da Espanha, o tema de uma das três exposições da bienal, que está em cartaz no Museu Ibérico da Máscara e do Traje, na zona histórica de Bragança.
Mais máscaras
Outra mostra que acontece em Bragança, desta vez no Centro Cultural, é a de Balbina Mendes, com o tema \"Máscaras Rituais do Douro e de Trás-os-Montes\", título de um livro que a artista acabou de lançar sobre o assunto.
Durante a bienal, o Arquivo Distrital de Bragança também expõe os trabalhos dos concursos lançados pela Mascararte em nível nacional, em que a máscara pode ser vista em diferentes artes, desde a pintura, escultura, arte infantil até a fotografia.
A tradição dos mascarados está sempre associada à música, presente também na bienal com os famosos gaiteiros e pauliteiros portugueses e espanhóis, e dois concertos de música etnográfica no Teatro Municipal de Bragança, com os portugueses Galandum Galundaina e os espanhóis La Bazanca, de 5 a 11 de dezembro, respectivamente.
Aqueles que mantêm a tradição de moldar as diabólicas figuras representadas nas máscaras têm também espaço na bienal, concretamente na feira de artesãos, no centro da cidade, onde será possível assistir, ao vivo, à construção de máscaras e apreciar vários exemplares.