Os credores do produtor de cogumelos Sousacamp têm dez dias para votar o plano de viabilização do grupo, mas mesmo que seja aprovado só dentro de um mês será tomada a decisão final, foi hoje determinado pelo tribunal.

A Assembleia de Credores reuniu-se no tribunal de Vila Flor, concelho do distrito de Bragança onde o grupo tem a sede, em Benlhevai, e foi decidido avançar com a votação do plano de viabilização, mas com condições.

O administrador de insolvência, Bruno Costa, apresentou alterações ao plano inicial que obrigam a que dentro de um mês se chegue a um acordo para suspender a garantia bancária de cinco milhões de euros que a Sousacamp tinha apresentado ao IFAP- Instituto de Financiamento da Agricultura e Pesca para financiamento de projetos.

Mesmo que os credores aprovem o plano de viabilização, na votação por escrito até 13 de março, se não se alcançar este acordo dentro de um mês, o tribunal não homologa o plano.

Sobre a mesa está a proposta de viabilização da gestora de capital de risco CoReEquity, que obteve, em dezembro, autorização da Autoridade da Concorrência para entrar no capital do grupo transmontano.

O proponente disponibiliza-se a injetar 7,5 milhões de euros num grupo com a condição de um perdão “substancial” dos cerca de 70 milhões de euros de dívida do grupo.

De acordo com os valores que constam do plano de insolvência, os maiores credores são o Novo Banco, com 30 milhões de euros, a Caixa de Crédito Agrícola, com cerca de 16 milhões, e o IFAP, que reclama cerca de 17 milhões de euros de financiamento a projetos.

O administrador de insolvência disse hoje à assembleia que a Sousacamp “é uma empresa descapitalizada, com resultados operacionais negativos” e que necessita deste plano de viabilização que, segundo anunciou, contempla a entrada, além do fundo de capital de risco, de uma empresa nacional do setor agroalimentar.

As três empresas do grupo, em Benlhevai, Vila Real e Paredes, continuam a laborar, mas a Sousacamp perdeu quota de mercado para Espanha, durante este processo de insolvência que se arrasta há dois anos.

“Vai demorar o seu tempo até que voltem a confiar em nós para nos darem 100% de quota”, afirmou o administrador, reiterando a necessidade de um ajustamento com a redução de postos de trabalho, sobretudo na unidade de Paredes.

Segundo disse, já saíram por comum acordo mais de 20 trabalhadores e quer reduzir ainda 70.

O grupo já teve 450 trabalhadores, atualmente são 430 e deverão ficar reduzidos a 370 no imediato para viabilizar a empresa, segundo o administrador.

Se não aceitarem sair por acordo, o administrador garantiu que haverá um despedimento coletivo.

O dirigente do SINTAB (sindicato do setor que tem acompanhado o processo) Eduardo Andrade disse hoje no final da assembleia que não está contra a viabilização da empresa, mas que continuará a denunciar o que considera “o assédio que está a ocorrer com as trabalhadoras de Paredes para que rescindam amigavelmente com valores abaixo do previsto na lei”.

A Sousacamp já teve outra proposta de aquisição que foi rejeitada pela Assembleia de Credores.



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