A comemoração da classificação do Alto Douro Vinhateiro como Património da Humanidade, em 2001, ficou ontem marcada pela percepção de que a região está finalmente a dar passos concretos para passar da teoria à prática, com o fim de retirar desse galardão as mais-valias económicas e sociais para a própria região e quem nela vive.

Exemplos concretos disso, são a apresentação do projecto de criação da Rota do Património Mundial Douro-Duero, que ligará as áreas classificadas do Centro Histórico do Porto, Guimarães, Douro, Vale do CÎa e Salamanca, numa rede de cooperação e desenvolvimento sobretudo cultural, e também a confirmação de que as cidades de Vila Real, Peso da Régua e Lamego viram aprovado o seu projecto de criação da Cidade do Douro (\"Douro Alliance\"), no âmbito das candidaturas aos fundos europeus do Programa Polis XXI.

O secretário de Estado do Ordenamento do Território e Cidades, João Ferrão anunciou que \"o Governo já tomou uma decisão e, estando previstos cinco projectos a nível nacional, é de realçar que este foi um dos aprovados, tendo revelado grande qualidade, num universo de 26 candidaturas, que envolviam no total 110 municípios\". O governante referiu que \"muitas vezes usamos o saudosismo para falar do passado, mas chegou a hora de substituir a palavra saudosismo pela palavra respeito\". João Ferrão pediu aos durienses para \"apostarem na inteligência colectiva e na capacidade de ultrapassar adversidades, inovando\". E acrescentou \"estamos num momento que nos permite virar a página naquilo que é permanentemente um lamento dos actores locais, porque existe agora uma nova capacidade organizativa\".

As três cidades vão poder, agora, candidatar-se a fundos do Quadro de Referência Estratégica Nacional para a promoção de eventos e projectos conjuntos e complementares, envolvendo um universo total de quase 100 mil habitantes, setenta mil dos quais nos três núcleos urbanos. A expectativa é de que esta grande urbe ajude a impulsionar o desenvolvimento de toda a região, aos mais diversos níveis.

Ricardo Magalhães, chefe de projecto da Estrutura de Missão do Douro, admitiu que \"uma das evidências na região do Douro é a fraqueza de participação cívica, daí que a estrutura de missão tenha pautado, para já, pelo estímulo à reflexão, ao debate, à polémica se tal for necessário, porque um processo de desenvolvimento tem de ser feito num contexto de enriquecimento cívico\".

Arlindo Cunha, presidente da Fundação luso-espanhola Rei Afonso Henriques, lembrou que \"por vezes temos uma visão excessivamente conservacionista, o que dificulta a retirada de mais-valias para as pessoas, que têm também de fazer parte das decisões\", e reiterou a ideia de que \"o turismo no Douro é um mercado emergente, sendo fundamental a qualificação dos recursos, e ter em conta que a base da região que é o vinho e a vinha, podem ganhar com o Turismo aquilo que nunca conseguiriam ganhar só por si, como acontece noutras regiões vinhateiras da Europa e do mundo.



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