O parque natural que vai nascer em torno da barragem de Foz Tua, em construção em Trás-os-Montes, poderá começar a receber candidaturas para financiar projetos a partir de outubro, anunciou hoje a responsável pelo processo.
A Agência para o Desenvolvimento do Vale do Tua é a promotora da criação do Parque natural Regional do Vale do Tua que se encontra em discussão pública até 16 de setembro.
O direto executivo da agência, José Silvano, adiantou à Lusa que no mês imediatamente a seguir, em outubro, estarão reunidas condições para "começar a receber candidaturas de projetos públicos e privados para o desenvolvimento desta zona".
O parque tem 70 milhões de euros para a conservação da natureza e biodiversidade e para projetos de desenvolvimento turístico do Vale do Tua, nos próximos 12 anos.
O montante resulta do Fundo da Biodiversidade, financiado pela EDP com três por cento do valor líquido anual da produção de energia da barragem e pode ser aumentado com candidaturas complementares a fundos comunitários.
O diretor executivo da agência, criada também no âmbito das contrapartidas da concessionária pela construção do empreendimento, lembrou que "este parque distingue-se das restantes áreas classificadas em Portugal porque não obedece às mesmas regras ambientais e foi criada para delimitar geograficamente a área de intervenção para o desenvolvimento local com os fundos da barragem".
A criação da marca "Tua" faz também parte dos objetivos dos promotores.
O Parque Natural Regional do Vale do Tua estende-se por 25 mil hectares dos cinco concelhos da área de influência da barragem, nomeadamente Mirandela, Vila Flor e Carrazeda de Ansiães, no Distrito de Bragança, e Murça e Alijó, no Distrito de Vila Real.
Os estudos que sustentam a criação do novo parque, estimam que nos doze anos correspondes ao projeto-base sejam geradas receitas no valor de três milhões de euros e criados 35 postos de trabalho, "apesar da incerteza associada à atual conjuntura económico-financeira".
A criação do parque regional faz parte das três principais contrapartidas da barragem e encontra-se já em execução, assim como a recuperação do património cultural do Vale do Tua e as medidas de incentivo ao empreendedorismo local.
A última contrapartida a ser executada, segundo José Silvano, será o plano de mobilidade que só poderá avançar quando a barragem estiver concluída, em 2016.
Este plano inclui a linha do Tua, cuja reativação para a vertente turística está dependente da disponibilização de fundos comunitários para os 40 milhões de euros de investimento necessário para concretizar todo o plano de mobilidade.
Silvano explicou à Lusa que estão assegurados pela EDP 25 por cento desta verba e os restantes dependem do êxito da candidatura que está a ser elaborada a verbas comunitárias.
Se a candidatura não for aprovada, o presidente da agência de desenvolvimento admite que a recuperação da linha do Tua, entre a Brunheda e o Cachão, estará em causa.
A proposta de criação do parque encontra-se em discussão pública e pode ser consultado em www.valetua.pt.