As autoridades ainda acreditam que é possível recuperar o corpo da criança desaparecida há nove dias no Tua e esperam resultados das buscas com a gradual descida das águas do rio por ter parado de chover.
O comandante do Centro Operacional de Operações e Socorro (CDOS) de Bragança, Melo Gomes, disse hoje à Lusa que os operacionais precisam de uma tarde inteira com o leito mais baixo para terem mais capacidade de trabalho.
Aquele responsável adiantou ainda que, se as condições climatéricas se mantiverem, pretende programar esta operação, logo que as barragens tenham capacidade de retenção da água.
A ideia é fazer baixar o nível das águas para patrulhar novamente todo o rio com novo reforço do efectivo que desde o fim de semana está reduzido ao patrulhamento das margens e um bote.
\"O histórico vale o que vele, mas diz-nos que não há memória de um afogado no Tua ter chegado ao Douro\", disse o responsável, acrescentando que \"obstáculos naturais do rio contribuem para que assim seja\".
Segundo explicou Melo Gomes, \"da Brunheda para baixo, é fraga sobre fraga, o que faz os chamados gavetões onde o corpo pode estar preso\", referindo-se à zona mais próxima da foz, onde o Tua se encontra com o Douro, a jusante do local onde a criança desapareceu.
Devido às chuvadas dos últimos tempos todo o caudal do Tua está acima do normal e com grande corrente, o que faz com que o curso de água leve muito lixo, um dos factores que reduz a capacidade de trabalho dos operacionais, nomeadamente dos mergulhadores.
Nos primeiros dias de buscas, as autoridades conseguiram fazer baixar momentaneamente o nível do rio, mas por pouco tempo e insuficiente para os trabalhos, devido à falta de capacidade das barragens de reterem a água, segundo explicou.
Esta semana a chuva deu tréguas no Nordeste Transmontano e as previsões meteorológicas apontam para que o tempo se mantenha seco, pelo que o comandante do CDOS acredita que poderá haver condições para avanços nas buscas.
Melo Gomes explicou que \"passados estes dias, o corpo já tem capacidade de flutuar e se estiver preso pode soltar-se ou pode ficar visível, se o nível das águas baixar e a corrente diminuir\".
A criança de 12 anos desapareceu a 02 de Março, à hora de almoço, nas águas do rio Tua, junto ao parque de merendas de Mirandela.
Leandro era de uma aldeia, Cedainhos, e frequentava a escola EB 2/3 Luciano Cordeiro, na cidade, a alguma distância da zona do rio onde foi visto pela última vez.
O caso está a ser alvo de inquéritos no Ministério da Educação e na Justiça, desconhecendo-se ainda conclusões de ambos.
O inquérito realizado pela escola foi entregue terça feira à Direcção Regional de Educação do Norte, que decidiu ouvir mais pessoas.
A Ministra da Educação, Isabel Alçada, explicou que o inquérito não tinha sido conclusivo e que a Inspecção Geral da Educação encontra-se já no terreno a recolher mais informação sobre o caso.
Os responsáveis não avançaram um prazo para a conclusão das averiguações, assim como se desconhece ainda também quando ficará concluído o inquérito judicial que decorre paralelamente no Ministério Público de Mirandela.