A crise financeira global tem um peso acrescido para mais de 500 famílias do distrito de Bragança que têm filhos com necessidades especiais e que, por isso, reclamam mais apoio e articulação entre os serviços.
Segundo um estudo hoje divulgado, para minimizar as lacunas existentes, vão ser criados no distrito, ainda este ano, os primeiros grupos de apoio a estas famílias.
Os grupos vão começar a funcionar, a título experimental, em dois dos 12 concelhos do Nordeste Transmontano.
Este projecto resulta das propostas apresentadas na sequência de um estudo realizado, entre 2006 e 2208, pela enfermeira de Bragança, Celmira Macedo, no âmbito de uma tese de doutoramento, na universidade espanhola de Salamanca.
A autora, que apresentou hoje o estudo em Macedo de Cavaleiros, conta com o apoio oficial, nomeadamente da sub-região de saúde de Bragança, para avançar com os grupos de apoio às famílias de crianças com Necessidades Educativas Especiais (NEE).
Segundo Celmira Macedo explicou à Lusa, o projecto vai funcionar em dois concelhos ainda a seleccionar, com uma duração de quatro a seis meses, disponibilizando formação e sessões de terapia familiar, em colaboração com técnicos da especialidade e psicólogos dos centros de saúde.
Celmira Macedo acredita que estes dois grupos estarão a trabalhar, ainda antes do final do ano, prestando um apoio que considera necessário fazer chegar a estas famílias, que vivem dificuldades acrescidas, no actual momento de crise.
\"Se a crise financeira está a afectar as famílias, nomeadamente com a subida das prestações da casa, estas famílias têm dificuldades acrescidas, porque precisam de comprar alimentação diferente, medicamentos ou fazer terapias dentro e fora do distrito\", salientou.
No estudo que realizou, junto de parte das 515 famílias do distrito de Bragança que representam 558 crianças com NEE, encontrou uma série de falhas apontadas pelos visados, em que predomina a falta de articulação entre serviços.
\"Falta de humanidade no momento do diagnóstico, de serviços de psicologia e orientação, de técnicos de reabilitação, de informações por parte dos médicos de família quanto aos apoios disponibilizados\", são alguns dos exemplos apontados.
O estudo revela ainda que as famílias se queixam da morosidade dos processos, da falta de informação quanto aos apoios e ajudas técnicas e pouco apoio financeiro para a compra de equipamentos.
Outras das queixas diz respeito aos infantários acusados de se recusarem a receber estas crianças e à falta de supervisão oficial para fiscalizar estes casos.
A autora do estudo propõe ainda a criação de um gabinete de apoio a estas famílias que a coordenadora da sub-região de Saúde, Berta Nunes, considera, para já, desnecessário.
Aquela responsável reconhece \"existirem lacunas no apoio institucional\", mas lembra que funcionam há já dois anos nos centros de saúde da região equipas de intervenção compostas por profissionais ligados à Saúde, Segurança Social e Educação.
Berta Nunes está convencida que \"o reforço do trabalho destas equipas bastará\".
Referiu ainda que nos centros de saúde existem também profissionais vocacionados para esta problemática, nomeadamente terapeutas da fala, fisioterapeutas e psicólogos.