São várias as escolas EB1 do concelho de Bragança que mantêm os antigos crucifixos na parede, bem visíveis mal se entra nas salas.
Uma presença algo nublada, pois na mesma escola há professores que admitem a existência da cruz e outros que a negam, como na EB1 de Salsas. Outros preferem nem se pronunciar, como no Zoio.
O crucifixo faz parte do dia-a-dia dos cerca de 30 alunos da EB1 de Santa Comba de Rossas. Afixado por cima do velho quadro negro, centra o olhar de quem entra, mas não desperta o interesse das crianças, que o olham como parte do mobiliário. A professora coordenadora do estabelecimento escusou-se a falar ao JN, \"por questões pessoais\". Mas fonte da escola explicou que o símbolo está na escola há dezenas de anos e, até hoje, nenhum pai levantou problemas ou questionou a sua presença ali. E faz questão de acrescentar que a maioria das crianças que ali estudam são baptizadas pela Igreja Católica e fizeram a primeira comunhão.
Luís Freitas, presidente do Agrupamento de EB 2/3 Paulo Quintela, onde está inserida a escola de Santa Comba, também preferiu não tecer comentários e confirmou que nunca nenhum pai lhe fez chegar qualquer protesto relacionado com o crucifixo. \"Sempre ali esteve, aqui na sede de agrupamento (em Bragança) não temos símbolos religiosos\".
A escola de Santa Comba de Rossas tem duas salas, ambas com crucifixo. Numa delas, está em cima de um armário, desalojado da parede pelo quadro interactivo.
Numa das poucas escolas das freguesias rurais que escapou à reorganização da rede do primeiro ciclo de Chaves, o crucifixo está pendurado entre um termómetro e o quadro, onde está a escrita a giz a data do dia. Na esquina do parapeito da chaminé, que noutros tempos era a única forma de aquecimento da sala, está uma imagem da Senhora de Fátima.
\"Quando para aqui vim, tanto o crucifixo como a santa já cá estavam. E, por mim, vão continuar. Só os tiro se me obrigarem a isso\", garante a professora, de 52 anos. \"As crianças vão todas à catequese, os pais são todos católicos e eu também sou\", argumenta a docente, admitindo, no entanto, que se tivesse alunos de \"outras religiões ou seitas\", ponderaria o assunto.
\"Aqui há anos, na altura da Páscoa, fiz uma via sacra e mandei para casa aos alunos um papelinho para saber se os pais os autorizavam a participar. Participaram todos e até os pais vieram\", observa ainda a professora de uma escola que encerrará mal fique pronto o Centro Escolar de Chaves.