As empresas de cruzeiros do Douro decidiram hoje suspender voluntariamente todas as atividades turísticas na região para ajudar a combater a pandemia de Covid-19 e solicitaram a suspensão da cobrança das taxas de navegação e acostagem.
A Associação das Atividades Marítimo-Turísticas do Douro (AAMTD), reunida hoje em plenário, deliberou suspender toda a atividade turística no Douro devido à atual situação de emergência em que o país se encontra provocada pelo novo coronavírus.
Decidiu ainda solicitar à Autoridade dos Portos do Douro e Leixões (APDL), gestora da via navegável do Douro, a suspensão imediata da cobrança de todas as taxas sobre a atividade marítimo-turística por “tempo indeterminado, até que a atual situação extraordinária de emergência se mantiver”.
“Entendemos ser da mais elementar justiça esta solicitação e acreditamos que a APDL, dada a sua postura construtiva, estará disponível para aceder à mesma porque compreende, tão bem como nós, o impacto desta situação no setor e as ramificações económicas e sociais que isso significa”, referiu, em comunicado, o comandante Hugo Bastos, porta-voz da associação.
O responsável acrescentou que se está a “falar de centenas de postos de trabalho, da perda de dezenas de milhões de euros para a economia local”.
“Há um impacto direto e muito real neste momento, mas importa tomar medidas preventivas para que esse impacto não se prolongue a médio-prazo e seja possível manter as empresas ativas e garantir a manutenção dos postos de trabalho”, frisou.
A atual “situação extraordinária em que o país se encontra envolvido”, leva a que a AAMTD entenda ser “fundamental criar mecanismos de suporte às empresas do setor, começando desde logo pela suspensão da cobrança de taxas inerentes à atividade que permitirá reduzir os prejuízos sentidos pelas empresas marítimo-turísticas do Douro e, desta forma, ajudar o setor a melhor navegar esta crise”.
Nesse sentido, a AAMTD solicitou que até ao final do mês de maio, os operadores marítimos-turísticos do Douro sejam isentos do pagamento de taxas como a eclusagem, a recolha de resíduos, cais de acostagem, a tarifa de uso do porto, adiante (TUP), entre outras.
A associação referiu que a atividade marítimo-turística no Douro é responsável direta e indiretamente por milhares de postos de trabalho, contribuindo anualmente com dezenas de milhões de euros para a economia da região.
Em 2018, segundo os dados mais recentes disponibilizados no site da APDL – Douro, foram à volta de 1,2 milhões os passageiros que navegaram no rio Douro em embarcações na mesma albufeira, em cruzeiros de um dia, navios hotel ou barcos de recreio.
Por fim, a AAMTD e os seus associados manifestaram a sua solidariedade com toda a população portuguesa, mostrando-se disponíveis para, "dentro do possível, apoiar e ajudar nesta situação extraordinária de emergência".
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou na semana passada que o epicentro da pandemia do novo coronavírus passou da China, origem do surto, para a Europa, onde diversos países acionaram já o fecho das fronteiras.
O novo coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19 já provocou mais de 6.400 mortos em todo o mundo.
Em Portugal, segundo informou hoje a Direção-Geral da Saúde (DGS), o número de infetados pelo novo coronavírus subiu para 331, mais 86 do que os contabilizados no domingo.
Foto: António Pereira