A Unidade de Cuidados Continuados de Mirandela, no distrito de Bragança, tem há um ano e meio 13 camas vazias à espera de apoio financeiro do Estado, queixou-se hoje o provedor da Santa Casa da Misericórdia local.

Adérito Cardoso Gomes dirige a instituição responsável pela unidade de cuidados continuados, uma valência que a nível nacional apresenta lista de espera e que funciona através de acordos de cooperação entre as instituições responsáveis pelas unidades e os ministérios da Saúde e da segurança Social.

A unidade de Mirandela abriu com um ano de atraso, em agosto de 2014, e o provedor de Mirandela afirmou à Lusa que foi projetada em parceria com as entidades oficiais para 43 camas, mas só foram concedidos acordos de cooperação para 30, o que equivale a 12 mil euros que a Misericórdia deixa de receber por mês.

As camas vazias "fazem falta à população", asseverou o provedor, salientando que "sem acordo de cooperação, as camas não podem ser utilizadas para outros fins sob pena de terem de ser devolvidos os financiamentos comunitários" que a instituição recebeu para cofinanciar o investimento superior a três milhões de euros.

A Misericórdia adquiriu e equipou o quarto piso do edifício do hospital privado Terra Quente para este fim e ficou com um encargo de 800 mil euros.

Os 12 mil euros que deixa de receber mensalmente pelas 13 camas "eram necessários para fazer a amortização dos encargos financeiros inerentes à unidade".

"Nem nos pode passar pela cabeça abrir essas camas à iniciativa privada com os mesmos fins, devido à capacidade financeira as famílias", afirmou, questionando: "qual é a família que pode dispor de 100 euros diários para por um familiar numa unidade de cuidados continuados?".

O provedor asseverou que as camas que fazem mais falta à população são as de média duração e que esta questão "pode ser ultrapassado desde que haja possibilidade de a Administração Regional de Saúde (ARS) Norte e o Centro Distrital de Segurança Social autorizarem a abertura das 13 camas inativas".

"É uma questão de disponibilidade financeira por parte do Estado que assumiu o compromisso connosco de que a unidade de cuidados continuados teria 43 camas e não 30", insistiu.

Adérito Cardoso Gomes afirmou que já teve "promessas de resolução" do anterior Governo, "mas não houve solução nenhuma".

A situação financeira da instituição "tende a piorar", segundo disse, por ter feito "um investimento de vulto" e "com 12 mil euros por mês a menos do que estava previsto as dificuldades financeiras são imensas".

O diretor do Centro Distrital de Bragança da Segurança Social, Martinho Nascimento falou, no final do verão, na Comunicação Social, da intenção do Ministério da Saúde de instalar no Nordeste Transmontano três unidade de cuidados continuados para a demência nas misericórdias de Bragança, Mirandela e Mogadouro.

O provedor da Misericórdia de Mirandela garantiu que nunca foi contacto sobre o assunto e que apenas pressupõe que a anunciada para esta cidade transmontana "seria na unidade de cuidados continuados e que se referiria às 13 camas que estão inativas".

"Foi ideia que não teve seguimento até à data, nunca mais foi tratada. Não sei se o projeto morreu, se ainda estará em estudo", afirmou.

Para Adérito Cardoso Gomes "aquilo não passou de uma ideia que terá corrido nas entidades responsáveis e que eventualmente não terá tido seguimento".
Lusa



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