Os agricultores das localidades de Sobreira e Porrais, no concelho de Murça, continuam sem ver a cor do dinheiro prometido pelo Governo, em Junho do ano passado, quando uma tromba de granizo assolou a região e destruiu vinhais e olivais. Em apenas dois dias, as culturas foram destruídas e pelo andar da carruagem, o vento também levou as promessas.
Quem denunciou o problema foi o presidente da Câmara Municipal de Murça, João Teixeira. O autarca, diz agora, acreditou na palavra de quem governava o país, na altura Durão Barroso. Com o andar do tempo e porque existem famílias a viver com graves dificuldades (a somar aos prejuízos nas culturas, somou-se a falta de trabalho e pouco para colher), o eleito local mostrou-se desconfiado. E apelou à resolução da situação.
O Governo de Durão Barroso, diz João Teixeira, foi célere na resposta à calamidade que, recorde-se, atingiu cerca de 700 agricultores e devastou 2000 pipas de vinho. Porém, tal rapidez não teve continuidade na governação de Santana Lopes. Apesar de ter sido pressionada por vários faxes enviados pela autarquia a lembrar as promessas efectuadas e repetidas pelo seu antecessor.
O presidente da Câmara evoca, ainda, a última reunião com a Direcção-Regional de Agricultura de Trás-os-Montes e Alto Douro, no passado mês de Novembro, onde lhe foi transmitida a necessidade dos agricultores obterem declarações de não dívidas à Segurança Social e ao Fisco, já que, estaria em publicação uma portaria governamental destinada a regulamentar a forma de atribuição dos subsídios. \"Nada foi definido. A portaria ainda não saiu e estamos preocupados\", sublinhou.
Os agricultores de Murça continuam à espera do milhão de euros prometido, enquanto o actual ministro da Agricultura anunciou, recentemente, a entrega de subsídios relativos a medidas compensatórias aos agricultores do Alentejo e Ribatejo, por causa da falta de chuva.
O anúncio espantou João Teixeira e gerou \"muita desconfiança\" . O autarca mostra-se desconfiado das promessas em campanha eleitoral sobre a situação dos agricultores. \"Temo que, a 10 ou 15 dias das eleições, surja um bónus. As vindimas tiveram uma quebra de produção de 80 por cento\", realçou. No entanto, apesar de tudo, \"o importa é que os subsídios venham rápido\".
Como diz o povo, \"já ontem era tarde\".