Este ano, vai ser mais difícil obter lucros com a olivicultura. Os custos de produção aumentaram, mas o preço do azeite e da azeitona vai baixar. A maior associação transmontana teme que muitos agricultores abandonem a actividade.
Mão-de-obra cada vez mais cara, gasóleo com constantes subidas, em 2008, e o preço do adubo 30% mais caro que na campanha do ano passado. São as principais queixas apresentadas por António Branco, presidente da Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro (AOTAD), para justificar o pessimismo que se instalou no sector olivícola.
Para se ter uma noção real desta situação, aquele dirigente associativo revela que o preço do adubo, para tratamento dos olivais, \"deve ter subido cerca de 200% nos últimos dez anos\".
Curiosamente, apesar do aumento dos custos de produção, o preço da comercialização baixou. A azeitona está a ser vendida a 25 cêntimos o quilo, quando na campanha do ano transacto, era vendida a 40. Também o litro de azeite vale menos 50 cêntimos do que no ano passado, fixando-se o preço em menos de dois euros o litro, uma redução de 20%. Como consequência, está a vender-se azeite de qualidade (virgem extra), pelo preço de azeite lampante.
Branco explica que esta queda dos preços \"deve-se ao facto de se nivelar os preços pelo mercado espanhol, o que é prejudicial para o nosso país, porque produz em menor quantidade e não tem forma de competir com um dos maiores produtores mundiais de azeite\", acrescenta. O líder da AOTAD teme que esta situação possa desmotivar e levar à desistência da produção de azeite.
Uma fiscalização rigorosa no embalamento do azeite, a definição de regras rigorosas e sensibilizar o consumidor para escolher um produto de qualidade, são algumas soluções propostas para combater a crise no sector.
Refira-se ainda que a AOTAD está à espera de resposta do Ministério da Agricultura sobre a linha de crédito solicitada para a replantação de olival que ficou afectado com as geadas do Inverno de 2007, após o levantamento exaustivo a cerca de 800 agricultores afectados pela intempérie. Ao todo foram destruídos 1200 hectares de olival, o que significa a morte de mais de 200 mil oliveiras. Existem situações concretas de olival que morreu e não uma simples perda ou redução da produção anual. Por outro lado, \"há uma quantidade significativa de oliveiras que sendo afectadas não morreram, no entanto a sua produção este ano e nos próximos está praticamente reduzida a zero\", revela António Branco. A região devia ter 120 mil hectares a produzir, mas só tem entre 85 a 90 mil devido às intempéries e às doenças que têm destruído os olivais.
Quanto à produção conseguida durante a última campanha, a AOTAD avança que foi um ano de boa produção, mas só terá números concretos no final deste mês.