Um dos impulsionadores do movimento pela Linha do Corgo afirmou hoje, em Vila Real, que a reabertura desta via ferroviária “não é uma utopia”, mas “uma oportunidade” que pode ser concretizada com um investimento “de 11 milhões de euros”.

A linha de caminho de ferro do Corgo, que ligava as cidades de Vila Real e Peso da Régua, foi encerrada no dia 25 de março de 2009, por alegadas razões de segurança.

Daniel Conde foi um dos fundadores do Movimento Cívico pela Linha do Corgo, criado após o fecho da via, e, dez anos depois, continua a defender o regresso do comboio, porque diz que é preciso voltar a por esta “linha ferroviária na ordem do dia”.

Por esse motivo, o licenciado em gestão e ex-ferroviário convocou para hoje uma reunião com os presidentes de junta das oito freguesias atravessadas pelo ramal, mas só dois compareceram.

“Fiquei feliz com os que estiveram presentes. Estiveram aqui em prol da sua região e dos seus concidadãos”, frisou.

Daniel Conde referiu que durante este ano quer promover mais reuniões, chamar os empresários da região, criar um manifesto e recuperar a “memória da linha” com a reabilitação de marcos quilométricos ou sinalização ferroviária que ainda se encontra ao longo do ramal.

Segundo referiu, em 2009, o Governo anunciou que a reabertura da Linha do Corgo poderia “custar 25 milhões de euros”, um número que considerou “descabido”.

Depois de informações recolhidas junto da REFER e de empresas fornecedoras, Daniel Conde afirmou que a reativação “poderá custar 11 milhões de euros”, entre a reposição da linha, aquisição de material circulante e a extensão de mais três quilómetros até Abambres (Vila Real), ficando a estrutura com um total de 28 quilómetros.

Com esta extensão seria possível, na sua opinião, servir o centro de saúde de Mateus, o centro comercial e o teatro municipal.

Sublinhou ainda que, com “recurso a verbas comunitárias”, caberia ao Estado “tão somente 1,6 milhões de euros”.

Daniel Conde afirmou que a Linha do Corgo pode ser “autossustentável” com recurso à receita de bilheteira e passes, mas também ao transporte de mercadorias, charters turísticos, merchandising, bem como à recuperação de edifícios de estações para alojamento turístico.

“Reabrir a Linha do Corgo não é uma utopia, é uma oportunidade que está a ser desperdiçada há 10 anos”, frisou.

O presidente da Junta de Alvações do Corgo (Santa Marta de Penaguião), João Santos Silva, defendeu também a reativação da linha, com a construção de um novo apeadeiro na sua freguesia.

“Às vezes ando na vinha e, passado dez anos, ainda ouço o barulho do comboio. Não será uma despesa tão grande reativar esta linha e aproveitar para trazer para aqui o turismo que tanta falta nos faz”, referiu.

Este autarca acredita que o comboio podia ser também um importante meio de transporte dos estudantes ou residentes para a Régua ou Vila Real e lembrou que os autocarros só circulam aos dias de semana.

A Freguesia de Ermida (Vila Real) era servida por sete quilómetros de via férrea e três estações.

“Somos talvez dos mais interessados que os comboios voltem a circular na Linha do Corgo. É um projeto ainda possível e todos unidos somos capazes de convencer os nossos governantes de que não é assim tão difícil reabrir esta linha”, afirmou António Bento, ex ferroviário e membro da atual Junta de Freguesia de Nogueira e Ermida.

Foto: Linha do Corgo



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