O edifício da delegação dos Serviços de Segurança Social de Macedo de Cavaleiros, mais conhecido por Casa do Povo, foi construído há cerca de 35 anos. Até agora, ainda não foi objecto de qualquer obra de beneficiação, e muito menos de adaptação, para fazer face às exigências da actual legislação quanto à prestação de serviços a deficientes.
As pessoas com deficiência e os seus familiares consideram que é \"indispensável\" haver rampas ou elevadores para permitir o acesso aos serviços através de cadeiras de rodas. Até porque é neste edifício que se efectuam as juntas médicas. Ainda na segunda-feira passada, devido ao facto dos familiares de uma deficiente se terem esquecido de meter no carro a sua cadeira de rodas, foi necessário o recurso a terceiros, neste caso a funcionários da própria Segurança Social, para a transportar ao colo até ao consultório onde se efectuam as juntas médicas.
Pessoas que moram perto deste serviço afirmam que presenciaram casos em que \"até já foi necessário o recurso às macas dos bombeiros para transportar os deficientes convocados para as juntas médicas\". E isto \"pode suceder duas ou três vezes por semana\", tal é o número de juntas médicas que se realizam em Macedo semanalmente. \"Revoltadas\", as pessoas afectadas por esta situação desabafam que \"esta é uma situação de terceiro mundo, indigna para um país como o nosso, que se diz civilizado\".
Mas, além disso, as instalações da delegação da Segurança Social revelam outros problemas. Muitos utentes queixam-se de que \"não existe privacidade no atendimento\". Dizem que \"as pessoas são ouvidas a monte\", dando azo a que, nessas condições, \"umas ouçam o que as outras dizem\", quando \"esse serviço devia ser feito em privado\".
A juntar a tudo isto, \"o interior do edifício está deteriorado, com humidade em todos os compartimentos, e os sanitários deixam também muito a desejar\", pois apesar dos cuidados das auxiliares que fazem a limpeza, as dezenas de anos de uso reflectem-se no \"mau aspecto\" que apresentam.
Outro \"problema\" apontado pelos utentes é que os serviços estão informatizados, mas \"por vezes os computadores param, e o atendimento é demorado\". As pessoas dizem que ouvem os funcionários a justificarem-se, dizendo que \"isso acontece várias vezes, porque a energia eléctrica não corresponde, devido à sobrecarga e à humidade\". Por isso, \"o aquecimento também é deficiente e pouco digno para o atendimento ao público em geral e aos doentes em particular\". \"Até o próprio médico já se queixou com frio\", garantiram ao Semanário TRANSMONTANO.
Como os serviços funcionam no rés-do-chão, parte do seu espaço é uma área de passagem para a Casa do Povo, onde está instalada uma sala de espectáculos, que nos últimos anos só tem servido praticamente para os ensaios do rancho folclórico do Grupo Cultural e Recreativo de Macedo. \"Habitualmente não há coincidência de serviços, mas algumas vezes isso sucede, o que não é compatível com os Serviços que presta a Segurança Social\", disseram ainda alguns utentes.