O transmontano mais popular de Macau, e, sem dúvida, uma das referências portuguesas naquele território, está de regresso às suas origens. A Trás-os-Montes. Curiosamente, monsenhor Manuel Teixeira, agora com 89 anos, não regressou a Freixo de Espada-à-Cinta, a terra onde nasceu no século passado, em 1912. O missionário escolheu a cidade de Chaves para passar os últimos dias da sua vida.
O regresso do missionário, que passou a maior parte da sua vida em Macau, foi uma surpresa. Era público que Manuel Teixeira pretendia "acabar" no território do oriente que esteve sob administração portuguesa. Por isso foi com algum espanto que se encarou a vinda do padre transmontano, noticiada no semanário nacional "Expresso", na semana passada.
Manuel Teixeira aterrou no aeroporto da invicta por volta das 11h00, na passada quarta-feira, acompanhado por uma irmã sua, freira na comunidade religiosa Sagrado Coração de Maria, perto de Vila Real, e que tinha ido a Macau no final do mês passado, para ajudar o irmão, na viagem de regresso.
No aeroporto, o missionário foi recebido pelo último governador português de Macau, Rocha Vieira. E à sua espera estavam também alguns elementos da direcção do Lar de Santa Marta, o local escolhido por monsenhor Manuel Teixeira para se instalar. Ao que o Semanário TRANSMONTANO conseguiu apurar, o padre mantém, desde longa data, ligações a este lar. Tanto assim é que, ao longo da sua vida, Manuel Teixeira doou a esta instituição mais de 60 mil contos. O elo "afectivo" entre o Lar de Santa Marta e o velho religioso foi estabelecido através do fundador desta instituição, em 1936: o padre Manuel José Pita Lage, natural de Carcelão e também missionário em Macau, onde foi professor de Manuel Teixeira.
Confrontado pelos jornalistas à cerca dos motivos que o fizeram regressar, o padre Manuel Teixeira alegou que pretendia "descansar", pois, no hospital em Macau onde esteve internado, durante 17 dias, não conseguia dormir com o barulho, declarou.
Além disso, o missionário deu também a entender que estaria a ser alvo de "ataques" por parte do regime chinês.