Em pouco mais de um mês, é a segunda machadada que o Governo dá no pólo de Chaves da UVR. No início de Junho, alegando contenção de despesas, cancelou a verba que estava prevista no Plano de Investimento e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC) para o início da construção das instalações definitivas do pólo de Chaves da UVR. Isto apesar de estarem apenas em causa perto de 50 mil contos.
Agora, não autorizou a licenciatura de informática - via ensino - que tinha sido aprovada e rectificada pelo conselho científico e pelo senado da UVR, para funcionar em Chaves já no início do próximo ano lectivo. Licenciatura essa que, por ser numa área profissional com bastante procura e mercado de emprego, era encarada pelos responsáveis ligados ao pólo universitário flaviense e pelos próprios políticos locais como uma \\"mais valia\\" para uma delegação onde funcionam dois cursos cuja procura está em declínio: educadores de infância e professores do primeiro ciclo do ensino básico, e outro ainda muito recente, recreação, turismo e lazer. Actualmente, também é ali ministrado um mestrado em ciências da educação.
Ainda na oposição, o actual presidente da Câmara flaviense, João Baptista, chegou a afirmar várias vezes que para a consolidação da UVR em Chaves eram tão importantes os novos cursos que ali iriam funcionar como a construção das instalações definitivas.
A vinda do novo curso foi, de resto, uma promessa deixada pelo ex-reitor da UVR, Torres Pereira, aquando da assinatura do despacho para o lançamento do concurso público para a construção das futuras instalações do pólo flaviense, uma cerimónia que teve lugar em Chaves, no dia 8 de Julho do ano passado.
Mas na semana passada, os flavienses que há vários anos \\"desesperam\\" pela construção do novo edifício universitário acabaram por ver defraudada mais esta expectativa, a da vinda de um novo curso.
Por sua vez, em Vila Real, dos sete novos cursos propostos, a UVR viu seis aprovados pelo Ministério da Ciência e do Ensino Superior, que, assim, se vão juntar às 24 licenciaturas que ali já são ministradas. Sem autorização de funcionamento para Vila Real ficou apenas o curso de genética e biotecnologia - ramo científico.
\\"Sou pela manutenção e reforço da UVR\\"
O novo reitor da universidade transmontana, Armando Mascarenhas, diz estar \\"pre-ocupado com o que está a acontecer com a UVR de Chaves\\". E espera que \\"isto não signifique que o Governo não está disposto a apoiar Chaves\\", afirmou, dizendo que, quanto à sua posição e \\"empenho\\" em relação a Chaves, não devem restar dúvidas: \\"quero a manutenção e reforço da UVR, disse-o, aliás, claramente, no meu discurso de tomada de posse\\" e \\"espero que o ministro entenda a importância da sua presença [da UVR] em Chaves\\". \\"Se assim não for, então não vale a pena andar com o discurso da fixação de quadros, de pessoas e do desenvolvimento das zonas mais desfavorecidas\\".
Armando Mascarenhas assegura que já pediu uma audiência ao responsável do Governo por esta pasta e que, no encontro, que deverá acontecer até ao final deste mês, a manutenção e o reforço da universidade transmontana na cidade flaviense vai ser uma das questões que lhe irá apresentar.
Procurar novos públicos
Para o novo reitor, no futuro, a \\"animação\\" do pólo de Chaves da UVR poderá também passar pela organização de formação de requalificação e pelo funcionamento de novas pós-graduações. \\"Defendo que se devem procurar novos públicos para a UVR. E esses públicos tanto existem em Vila Real como em Chaves\\", referiu.
Além disso, para este responsável, Chaves ocupa uma posição \\"estratégica\\" no que diz respeito à fronteira com o país vizinho, o que, no entender do reitor, deverá ser aproveitado para \\"desenvolver pós-graduações internacionais e projectos de investigação conjunta\\".
Armando Mascarenhas considera ainda que ele não pode ser \\"o alvo da revolta dos flavienses\\" pelos sucessivos adiamentos neste processo. \\"Não sou o regulador do sistema. Só posso ser contra ele e mostrar a minha oposição. E isso tenho feito\\", garantiu.
Se o seu funcionamento tivesse sido autorizado, o curso de informática que estava projectado para o pólo de Chaves, neste primeiro ano, iria funcionar com 40 vagas.
O plano curricular desta licenciatura foi desenhado em parceria pelos departamentos de engenharia, letras e ciências da educação e, ao que o Semanário TRANSMONTANO apurou junto do departamento de engenharia, foi elaborado por forma a que a variante via ensino, que funcionaria em Chaves, e a variante \\"normal\\", que vai funcionar em Vila Real (que foi autorizada pelo Governo), permitissem a mobilidade dos alunos que pretendessem mudar de uma variante para a outra.