Um emigrante português, de 36 anos, foi hoje considerado culpado de 29 crimes, desde rapto, violação, agressão, posse ilegal de arma e munições, roubo e abuso sexual, pelo Tribunal Superior de Pretória, na África do Sul.
Durante a leitura do veredicto, onde foram referidas as 48 acusações existentes contra o arguido, com base em queixas de 20 alegadas vítimas, a maioria das quais menores, com idades entre os nove e 16 anos, o juiz Hekkie Daniels considerou provadas onze acusações de rapto, dez de violação, duas de agressão, duas de tentativa de violação, uma de agressão sexual, uma de roubo com agravantes e duas de posse ilegal de arma e munições.
O arguido, natural da ilha da Madeira, foi absolvido noutras 19 acusações, por falta ou insuficiência de provas ou ainda por duplicação nas acusações.
Os casos envolvendo o português, que o juiz Daniels descreveu como "um pervertido confesso", remontam a 2001, quando as autoridades o prenderam depois de numerosas queixas de crianças e mulheres das áreas de Brits e Rustenburg, na província sul-africana do Noroeste.
O "modus operandi" do português, hoje descrito em pormenor pelo magistrado, consistia em oferecer boleia a crianças do sexo feminino que de manhã iam para as escolas da sua área de residência, dirigindo-se depois com elas para áreas desertas e violando-as, muitas das vezes sob ameaça de uma pistola.
Classificando-o como um "mentiroso", o magistrado não aceitou algumas das explicações dadas em sua defesa, designadamente o de ter mantido actos sexuais com algumas das suas vítimas (uma das quais com 9 anos) com o seu consentimento.
Numa das audiências, na semana passada, o arguido admitiu culpa em dez das acusações, mas acabou por alterar o seu testemunho, alegando sentir-se "confuso".
O magistrado marcou para amanhã mais uma audiência, durante a qual poderá ser anunciada a sentença.