A construção do viaduto e sobre o rio Corgo, em Vila Real, começa nas próximas semanas, perante a «desilusão» de ambientalistas e alguns moradores, enquanto outros espreitam as oportunidades de negócio, geradas pelos 500 operários que ali vão trabalhar.
Com 2.796 metros de cumprimento, o viaduto vai ligar Parada de Cunhos a Folhadela, a Sul da cidade de Vila Real, e insere-se na Auto-Estrada Transmontana.
Fonte da concessionária, liderada pela Soares da Costa, disse hoje à agência Lusa que os estaleiros de apoio à obra já estão a ser preparados e que os trabalhos deverão arrancar nas próximas semanas.
Em pico de obra, na Primavera de 2011, estarão a trabalhar no viaduto 550 pessoas.
Com o início da obra ficam para trás mais de três anos de luta de moradores e ambientalistas, que apresentaram uma queixa à União Europeia, denunciando que o viaduto atravessa Rede Natura 2000.
A queixa não tem efeitos suspensivos, mas, se for levada em conta, a União Europeia poderá obrigar o Estado português a alterar o traçado, impor medidas de compensação ou cortar no financiamento comunitário.
Rui Cortes, morador e especialista da área do ambiente da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), disse à agência Lusa que se sente \"desiludido\" com o arranque da obra e afirmou que o projecto de execução \"não cumpre\" a Declaração de Impacto Ambiental (DIA), que impunha um desvio para sul da estrutura. \"Verifica-se de facto um desvio de Parada de Cunhos mas depois aproxima-se de Folhadela. Os aspectos ambientais e sociais não foram salvaguardados\".
A associação ambientalista Quercus argumenta que o viaduto representa um investimento de 100 milhões de euros, ou seja, um terço do custo total da Auto-estrada Transmontana, que vai ligar Vila Real a Quintanilha e, por isso, defendia a duplicação do Itinerário Principal 4 (IP4), alegando ser a solução \"mais barata\" e \"com menor impacto ambiental\".
O IP4 será aproveitado na maioria da sua extensão para a construção da Auto-estrada Transmontana entre Vila Real e Bragança.
Mas em Folhadela também há quem esteja a favor da obra, como o proprietário de um restaurante, Paulo Magalhães, que enumera alguns benefícios, tais como a oportunidade de emprego, o maior movimento nos restaurantes, comércios, pensões ou arrendamento de quartos para os operários.
A passagem do Rio Corgo consiste numa ponte de tirantes com 1.170 metros de extensão, com um vão principal sobre o rio com cerca de 300 metros e uma altura de 80 metros, a que se soma a altura do mastro onde se fixam os tirantes de cerca de 60 metros de altura. Adjacentes nos seus extremos estarão dois viadutos, um a poente com 850 metros e outro a nascente com cerca de 800 metros, perfazendo o conjunto cerca de 2,8 quilómetros.
O viaduto terá um total de 41 pilares, dos quais seis com mais de 100 metros de altura e dois centrais com 130 ao tabuleiro e 63 acima do tabuleiro.