Num comunicado de imprensa lançado há cerca de um mês, o Sindicato dos Trabalhadores da Industria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte denunciou \"uma série de ilegalidades\" supostamente cometidas pelo Hotel Aquae Flaviae, em Chaves. No documento, o sindicato acusava a unidade hoteleira de \"não respeitar os direitos dos trabalhadores\" e de ter imposto um \"clima de intimidação e medo\" aos seus trabalhadores.

No rol das \"ilegalidades\" apontadas ao hotel, o comunicado referia, por exemplo, que a administração do Hotel apenas dava um dia de folga aos trabalhadores quando por Lei deveria dar um dia e meio ou dois. Referia também que a empresa não pagava feriados, subsídio nocturno, subsídio alimentação nas férias e não elaborava mapa de férias.

Segundo um dos dirigentes do sindicato, Francisco Figueiredo, estas acusações foram retiradas de um plenário que juntou vinte trabalhadores daquela unidade hoteleira flaviense.

Assim que as denúncias lançadas pelo sindicato chegaram às redacções dos meios de comunicação social regional, estes tentaram imediatamente contactar com os trabalhadores, no sentido de ouvir as acusações da sua própria boca. E conseguiram. Porém, dos cerca de uma dezena de trabalhadores que compareceram e confirmaram as denúncias do sindicato, só uma trabalhadora, Teresa Morais, sub-chefe de cozinha, teve a coragem de falar à televisão, embora tenha exigido que a sua imagem e sua a voz fosse distorcida. Uma condição reivindicada por a funcionária temer represá-lias por parte da empresa.

«Vingança»

Receios que agora justifica, pois, há cerca de duas semanas, a empresa instaurou um processo disciplinar e despediu a funcionária alegando justa causa, o que quer dizer que não lhe pagará qualquer indemnização. Na nota de culpa enviada à trabalhadora, uma das razões apontadas para o despedimento é a de que ela prestou \"falsas declarações à televisão\".

Além disso, a empresa justifica o despedimento relatando uma série de casos em que a funcionária era acusada de \"ameaçar\" e \"pressionar\" os colegas que trabalhavam na sua secção. No entanto, a maioria das situações relatadas pelo documento são passadas fora do local de trabalho.

Confrontado com esta situação, o dirigente sindical Francisco Figueiredo garantiu que \"as acusações apontadas na nota de culpa à trabalhadora são falsas\". \"Não temos dúvidas de que se trata de uma vingança por parte da entidade patronal\", acrescentou o sindicalista. Por isso, Francisco Figueiredo revelou que o sindicato já apresentou um \"protesto formal\" junto da empresa e que, \"assim que os tribunais reabram, irá entrar com um processo contra a empresa para exigir que a trabalhadora seja reintegrada\". \"As pessoas não podem ser despedidas por exigirem os seus direitos. Mas foi o que aconteceu à Teresa Morais\", assegurou o dirigente sindical.

O DTOM tentou ouvir a direcção do hotel sobre o caso, mas esta remeteu-nos para o advogado que está a tratar do assunto, Oliveira Rua. Este, nega

qualquer tipo de \"vingança\" por parte da empresa e assegura que o adespedimento aconteceu nesta altura porque \"só agora é que a empresa, depois de ouvir várias pessoas, descobriu que aquela funcionária era a responsável pela rapidez com que os fun-cionários que trabalhavam com ela abandonavam o hotel\". Oliveira Rua alega que alguns colegas só depois daquela \"barafunda\" se queixaram do \"comportamento incorrecto\", das \"pressões\" e das \"ameaças\" que eram feitas pela funcionária e que, por isso, \"só agora\" lhe foi instaurado o processo disciplinar.



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