No próximo dia 16 de Outubro a Associação Sócio-Cultural Vale dOuro e a Wine House da Quinta Nova trazem ao público douriense o multipremiado filme de Jorge Pelicano: «Pare Escute e Olhe» pelas 21h15 no Salão Nobre dos Bombeiros Voluntários do Pinhão.
Numa altura em que avançam os primeiros trabalhos para a construção da barragem do Tua e em que o país se prepara para investir milhões de euros no comboio de alta velocidade o tema não poderia ser mais actual. Numa região em que o comboio tem sido o parente pobre das acessibilidades e do investimento com o desaparecimento do que restava das três linhas de montanha (Tua, Corgo e Tâmega) que partiam do vale do Douro, a Associação Vale dOuro e a Wine House trazem ao Pinhão a temática da desertificação e do abandono das linhas ferroviárias do interior através da projecção do filme de Jorge Pelicano. Trata-se de um evento que esteve primeiramente previsto para a estação ferroviária da vila mas cujos elevados custos exigidos pela REFER especificamente para este evento levaram a organização a alterar esta semana o local de exibição.
Depois de «Ainda há Pastores?», o realizador Jorge Pelicano, volta ao «ataque» com «Pare, escute e olhe». Este filme estreou-se em Outubro no festival DocLisboa - onde conquistou os prémios de Melhor Documentário Português e de Melhor Montagem - e também no Cine Eco, em Seia - onde arrecadou o Grande Prémio do Ambiente, Grande Prémio da Lusofonia, e Prémio Especial da Juventude. Mais recentemente foi exibido no México e na Turquia.
O filme apresenta as contradições de decisões políticas que conduziram à actual situação. O investimento em estradas foi seguido pelo desinvestimento nos caminhos de ferro. A já aprovada barragem no Vale do Tua apresenta-se como a machadada final, condenando à submersão os terrenos agrícolas. O filme mostra-nos diversos dirigentes políticos a visitarem a região, com direito a pompa e a destaque mediático. Do Presidente Mário Soares ao primeiro-ministro Cavaco Silva, ou ao actual José Sócrates, todos passaram por lá decretando as suas diferentes \"sentenças\". Vê-se também o assunto a ser discutido na Assembleia da República, em contraponto com as imagens que nos transportam para a realidade da população que ainda permanece no local.
No final, fica o alerta, sentido, para aquela região transmontana «perdida», o desafio à classe política para se (re)inquietar com o tema do Tua e, sobretudo, a convite velado (na vontade que cria) ao espectador para revisitar o melhor de Portugal...antes que ele desapareça para sempre.