O que faz falta é que o interior afirme as suas qualidades: melhor nível de vida, mais tempo, menos tensão. As autoestradas digitais tornam a geografia um mero pormenor.
A digitalização pode ter um papel fundamental “na fixação de pessoas e no chamamento de novos investimentos” para o interior, disse Albano Alves, vice-presidente da IP Bragança no âmbito do terceiro painel, dedicado ao tema ‘O estado da região e a revolução digital’, do ciclo de conferências ‘Portugal Inteiro’, da responsabilidade da parceria entre a Altice e o Jornal Económico, cujo tema específico é ‘Inovação: o interior como oportunidade’.
Para Nuno Augusto, responsável da incubadora Regia Douro Park, o empreendedorismo qualificado é uma área que precisa de mais relevo – uma vez que tem forte capacidade para trazer para o interior o talento e a qualificação que asseguram a longevidade estes projetos.
Mas “as autoestradas da comunicação no interior ainda são muito limitadas”, nomeadamente no que tem a ver com a fibra ótica, recordou Nuno Augusto, para quem alguns projetos industriais convivem mal com estradas demasiado ‘engarrafadas’.
Para Albano Alves, “o interior tem alguma vantagem no digital: há cada vez mais procura das pequenas cidades, por causa da rotatividade que se faz sentir nas grandes cidades” – para além do custo e da qualidade de vida muito superior. Ora, essa rotatividade tem custos enormes para as empresas, que constantemente vêem os seus profissionais deixarem projetos a meio caminho.
“Não é fácil atrair profissionais para o interior”, pelo que a solução é atrair alunos, disse ainda. Esse é o papel da academia.
Nuno Augusto esteve de acordo com este ponto de vista, tendo acrescentado que, no caso de Vila Real, “já temos o resto: boas ligações rodoviárias, boas escolas e uma região não massificada, onde o custo de vida é muito diferente”.
“A dificuldade não é a questão do financiamento, mas sim uma questão de mentalidade das empresas”, referiu. Ou seja, há aqui também o problema de falta de conhecimento que obriga “a uma capacitação” de quem decide relativamente ao que profundamente pode querer dizer ‘investir no interior’.
“Lisboa continua a ser um polo de atração muito forte, assim como o é o Porto, mas temos conseguido dar a volta com a afirmação do que de bom se faz aqui”, disse Albano Alves.
Texto: António Freitas de Sousa, Foto: AP
Jornal Económico e Altice debateram “Interior como oportunidade para a Inovação” esta terça-feira na Universidade de Trás os Montes e Alto Douro, em Vila Real. O ‘Interior como oportunidade para a Inovação’ foi o tema da segunda conferência do ciclo "Portugal Inteiro", que contou com participação de inemuras personaldiades e juntou dezenas de pessoas no Auditório da UTAD, para debatar a Inovação no interior do País.
O Diário de Trás-os-Montes regista aqui para futuro e desta forma o debate ocorrido com autorização do Jornal Económico.