O artista Nadir Afonso espera que a Fundação que a Câmara de Chaves vai construir em sua homenagem consiga o que ele não conseguiu «toda a vida»: impor a sua teoria da arte. «Nunca ligaram», disse, na apresentação do projecto, de Siza Vieira.

»Ok, Álvaro [Siza Vieira]. Só falta contar a história da fundação. Se me dão licença...», foi assim que, anteontem, à noite, Nadir Afonso, «cansado por não andar a dormir nada», antecipou o seu discurso na apresentação pública do projecto de arquitectura da fundação, que, pelas contas da autarquia, deverá ser inaugurada em 2010.

Neste momento, a Câmara Municipal de Chaves aguarda decisão em termos de financiamento. Detentor da palavra, Nadir Afonso começou a contar a sua própria história. «Dizem que já pintava aos quatro anos. Bem, mas não me posso responsabilizar por isto porque não me lembro», disse.

Foi apenas a primeira explosão de gargalhadas e de palmas da plateia. O público voltou ao rubro, quando Nadir Afonso posou para um fotógrafo, que se contorcia para obter o melhor plano.

«Tenho que fazer um esforço para ser sério», justificava Nadir Afonso, depois de ter voltado a pÎr toda a gente a rir ao explicar porque lhe custava discursar sentado: «Posso morrer e ao menos que morra de pé».

Mas há um momento em Nadir Afonso fala muito a sério. Quando fala sobre o que lhe levou «toda a vida» a descobrir: que a essência da obra de arte está na sua «dimensão matemática e geométrica».

O pintor espera, por isso, que a fundação que levará o seu nome seja um espaço que acolha seguidores da teoria a que «99 por cento das pessoas nunca ligou».



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