Por estarem velhas, danificadas e não haver quem queira assumir a responsabilidade de as guardar em casa, a Comissão Fabriqueira da aldeia de Loivos, em Montalegre, pretende vender algumas peças de ouro doadas por devotos à Senhora do Livramento, padroeira da paróquia. E com o dinheiro conseguido querem ajudar a pagar obras recentemente levadas a cabo no exterior da capela. No entanto, a ideia não é pacífica.

Uma família da aldeia está completamente contra. \"São relíquias. Peças únicas que têm um valor moral e, por isso, não concordo minimamente com a venda do ouro da Santa\", disse Carlos Moura, natural de Loivos e residente nos arredores de Lisboa, em declarações à Rádio Montalegre.

A irmã é da mesma opinião. \"A minha irmã que já faleceu tinha doado um fio e eu não vou permitir que seja vendido\", garantiu, ao JN.

A comissão fabriqueira tem uma opinião diferente. Entende que quem dá uma coisa perde os direitos sobre ela. \"Imagine que este ano alguém se lembrava de doar uma vaca. Também íamos ficar com ela toda a vida?\", questiona um dos membros da comissão.

Aquele elemento lembra que o maior problema é que não há quem se queira responsabilizar por ficar com o ouro em casa, uma vez que as pessoas têm medo de ser roubadas.

\"Se têm medo ou receio de o guardar em casa que o coloquem no banco\", defende, por sua vez, Carlos Moura, garantindo que já questionou a Diocese de Vila Real sobre o assunto.

Diocese contra venda

\"O Vigário-Geral disse-me que a venda de ouro resultante de promessas a santos está proibida\", garante. O padre de Loivos, António Cascais, admite que, de facto, a \"orientação\" da Diocese é a de que as ofertas não se devem vender tendo em conta o \"valor sentimental das mesmas\", mas assegura que o que está em causa é apenas uma \"proposta\" da Comissão e não uma \"decisão\".

E além disso, lembra que a Comissão em causa é \"exemplar\". \"Pedem opinião ao povo e informam-me sempre do que estão a pensar fazer\", remata.

Segundo os elementos da comissão, todos emigrantes e responsáveis pela organização da festa da aldeia, o ouro em causa já foi avaliado por mais que uma ourivesaria e o seu valor ronda os 1.200 euros.

Com este montante, esperam os \"festeiros\", contribuir para amortizar a dívida contraída com as obras de restauro que foram realizadas na capela.



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