O cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, comparou a missão do novo bispo de Bragança-Miranda a uma vinha que necessita de trabalho e da conjugação de esforços para dar frutos fecundos.
D. José Policarpo foi o principal ordenante do novo bispo e na sua homilia dirigiu-se a José Cordeiro, socorrendo-se da alegoria bíblica que compara o povo de Deus a uma vinha cuidada com ternura pelo seu dono, que dela espera frutos dignos desse cuidado.
O bispo é um dom de Deus, o proprietário da \"vinha\", continuou o cardeal patriarca, frisando que \"ele garante a plenitude do sacerdócio apostólico, expressão sacramental de Cristo, fonte da redenção\" e que \"sem esta fonte permanente, a jorrar rios de água viva... ela transformar-se-á naquela vinha que desilude o seu proprietário, incapaz de produzir os frutos que ele esperava\".
Perante o mar de gente que encheu a catedral de Bragança, entre fiéis, amigos, 35 bispos e 150 padres, D. José Policarpo lembrou que desde os primeiro séculos, quando era ordenado um novo bispo, a presença do maior número possível de bispos na sua ordenação era garantia de que aquele (...) \"não era nem herege, nem cismático; professava a mesma fé e guardava no seu coração o desejo ardente de comunhão com toda a Igreja\".
O cardeal patriarca concluiu reafirmando ao novo bispo: \"o Senhor diz-te hoje: vai, toma conta da minha vinha. Não estás sozinho, nunca o queiras fazer sozinho. Ama os teus presbíteros de modo a fazeres com eles a comunhão que vos levará, em uníssono, a ter a mesma solicitude\".
O jovem prelado, com 44 anos, deixou claro no seu discurso que conta com a colaboração de todo o clero da diocese para a nova missão, afirmando: \"Eu não sou pensável sem vós, sois os primeiros e indispensáveis colaboradores\".
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O mais novo bispo de Portugal agendou já para o dia 17 um encontro com o clero da diocese, naquela que será a primeira actividade do seu episcopado e que se insere na intenção de José Cordeiro de, ao longo deste ano, \"escutar a Diocese\".
Dirigindo-se ainda ao clero, pediu ajuda para a \"realidade desafiante\" que é a Diocese de Bragança-Miranda, considerando que esta \"realidade pastoral exige a coragem, a confiança e a paciência para ir ao encontro dos homens e das mulheres do nosso tempo, testemunhando que também hoje é possível, belo, bom e justo viver a existência humana à luz do Evangelho\".
O novo bispo citou ainda Fernando Pessoa, para afirmar: \"A espantosa realidade das coisas é a minha descoberta de todos os dias\".
José Cordeiro disse depois aos jornalistas que durante os momentos em que esteve prostrado no chão, durante o ritual da ordenação, pediu a \"ajuda do Alto para que possa ser esse coração que escuta os sinais dos tempos e que possa ser uma resposta de esperança ao hoje histórico e cultural do Nordeste Transmontano\".
