A Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) determinou na segunda-feira uma auditoria interna à delegação de Chaves e exonerou, após detetar "inconformidades, irregularidades e ilegalidades", a Comissão Administrativa daquela estrutura, que alertou na terça-feira para "incongruências financeiras" anteriores ao seu mandato.

A CVP, em despacho publicado na segunda-feira no seu sítio oficial na Internet, anunciou que a Comissão Administrativa da delegação de Chaves, no distrito de Vila Real, que estava em funções desde maio de 2019, tinha sido exonerada "com efeitos imediatos".

No despacho, é referida a "existência de instabilidade interna" e que tinham sido "detetadas um conjunto de inconformidades, irregularidades e ilegalidades" que foram "presencialmente apuradas".

"Foram, ainda que parcialmente, práticas realizadas e assumidas pelo presidente da designada Comissão Administrativa e que respeitantes à gestão corrente são-lhe, por inerência, imputáveis", pode ler-se no despacho assinado pelo presidente da CVP, Francisco George.

E acrescenta: "A imperiosa necessidade de repor, não apenas a conformidade de procedimentos, normas e instruções e diretrizes nacionais, aqui postas em causa, mas, ainda, a legalidade que haja sido comprometida, impõe, por si, a intervenção dos serviços centrais da Sede Nacional na realização urgente de uma auditoria interna a esta Delegação, que aqui determino".

Em um outro despachado, também de segunda-feira, a CVP anunciou a transferência para o Departamento Jurídico e de Contencioso da Sede Nacional de "todos os procedimentos de averiguações, de inquérito e/ou disciplinares em curso na Delegação Local de Chaves desta instituição ou instaurados por decisão ou solicitação da Comissão Administrativa agora exonerada".

Segundo um comunicado divulgado na terça-feira, que a agência Lusa teve hoje acesso, a Comissão Administrativa cessante da delegação de Chaves explica que durante o seu mandato foram detetadas "incongruências financeiras" que se reportavam a antes de maio de 2019, quando esta assumiu funções e que "não foram cabalmente explicadas até à presente data".

Foi ainda feito "um pedido com caráter de urgência para que seja efetuada uma auditoria interna às contas da delegação" entre 01 de janeiro de 2013 e 11 de maio de 2019.

Contactado pela Lusa, o anterior presidente da delegação de Chaves da CVP, Jorge Pinto de Almeida, lembrou hoje que “há mais de um ano” que não faz parte da instituição pelo que os motivos para a exoneração da Comissão Administrativa “devem ser prestados pela direção nacional”.

Sobre o teor do comunicado da Comissão Administrativa cessante, o dirigente disse preferir não comentar pelo “muito respeito” que tem pela CVP.

Na nota, a comissão cessante alerta para "resultados operacionais negativos e contas de Fundos Patrimoniais no Balanço negativas, ou seja, insolvência técnica", e "saldo de caixa negativo e injustificado até à data" de 31 de dezembro de 2018.

A comissão cessante revela ainda que "nem todos os empréstimos contratados na Delegação estavam devidamente refletidos na contabilidade" e que "a delegação não sabia o que recebia em cada dia e se os montantes eram recebidos em numerário/TRF/Cheque/Multibanco, não havendo qualquer reconciliação bancária".

No comunicado é ainda destacado o "aumento do passivo em cerca de 200% entre 2017 e 2018” diz respeito “maioritariamente referente a financiamentos bancários". Refere ainda "atrasos no envio de documentação, atrasos na colaboração e mesmo ausência de esclarecimentos aos serviços de contabilidade", bem como esclarece que "os Passivos Correntes aumentaram sete vezes entre 2017 e 2018".

"No último mês do projeto de formação modular, ou seja, em maio de 2018, visto que ainda existia verba disponível no montante de 3.439,41 euros, a Direção da Delegação decidiu atribuir este montante à trabalhadora da contabilidade, processando-o no recibo de vencimento da mesma", acusa ainda.

O comunicado da Comissão Administrativa cessante revela ainda uma reunião com a Câmara de Chaves realizada na terça-feira para "dar conhecimento da cessação de funções e participar que enviou à Sede Nacional um pedido com caráter de urgência para que seja efetuada uma auditoria interna".



PARTILHAR:

Águia-imperial–ibérica poderá estar de regresso ao território transmontano

Governo aprova resolução que mantém fronteiras encerradas após dia 14