O diretor do Parque Natural Regional do Vale do Tua, Artur Cascarejo, considerou hoje que a criação das Comunidade Intermunicipais (CIM) foi um processo “irracional” que “rebentou” com a identidade territorial das regiões.
O antigo autarca socialista de Alijó, no distrito de Vila Real, gere o único parque regional de Portugal, que abrange cinco municípios, dois do distrito de Vila Real, e três do de Bragança, “retalhados” por duas CIM, a do Douro e a das Terras de Trás-os-Montes.
O parque, que se tem destacado na oferta turística regional, ambiciona ser um “elo” territorial naquele que o diretor considera “o caos administrativo” que existe em Portugal, “com a ausência de regiões, com CIM completamente irracionais, sem princípios, sem lógica nenhuma de caráter territorial”.
Para Artur Cascarejo, as comunidades intermunicipais “rebentaram com o único princípio que existia, que era o das antigas províncias, que pelo menos tinham uma lógica territorial com identidade”.
“As pessoas percebiam do que é que estávamos a falar quando falávamos de Trás-os-Montes e Alto Douro, percebiam do que é que estávamos a falar quando falávamos de Alentejo ou de outras áreas, hoje ninguém percebe”, observou, em declarações à Lusa.
O Parque Natural Regional do Vale do Tua foi criado como contrapartida da construção de barragem de Foz Tua e é financiado com 75% dos três por cento da produção de energia que a concessionária entrega ao vale transmontano, através da Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua.
Tanto do parque como da agência fazem parte os municípios de Alijó, Murça, Mirandela, Vila Flor e Carrazeda de Ansiães, que pertencem a distritos e CIM diferentes e que, pelo menos, nestas organizações, trabalham “numa lógica supramunicipal para evitar esse retalho”, como afirmou Artur Cascarejo.
Isto porque, segundo defende, “infelizmente quem governa este país a nível nacional fala na regionalização mas nunca a concretiza e antes de a concretizar pelo caminho vieram com as CIM, que foram pior a emenda do que o soneto”.
Os cinco municípios têm para o diretor a vantagem de poderem candidatar-se a fundos que existem em termos comunitários como todos os outros “e depois têm uma instituição, que é a agência, que consegue candidatar-se numa lógica supramunicipal”.
Desta forma, acredita, estão a trabalhar “em conjunto para todos eles começarem a criar um território com identidade natural, com identidade cultural, com identidade socioeconómica e a todos os níveis”.
O turismo de natureza é a principal aposta do parque que, nos últimos anos, organizou várias ofertas para visitação, desde percursos pedestres, observação de aves e astronomia, gastronomia, património cultural, rede miradouro, entre outros.
O parque tem também programas de apoio á criação de negócios que têm ajudado a reforçar a oferta a nível de alojamento e restauração.