O presidente da distrital de Bragança do PSD, Jorge Fidalgo, disse hoje que aguarda pela posição de Rui Rio, mas defende que, se houver congresso para escolher novo líder do partido, este coincida com eleições nas distritais.
O PSD perdeu as eleições de domingo para o PS no distrito de Bragança e o presidente da distrital afirmou hoje à Lusa que assume as responsabilidades, mas que “não faz sentido nenhum pôr o lugar à disposição, porque não traz consequência nenhuma”.
Jorge Fidalgo explicou que o mandato termina em julho e este é o terceiro consecutivo que faz, pelo que não pode recandidatar-se e deixa o processo da escolha do novo presidente da distrital pendente das decisões nacionais.
O líder distrital depreende das palavras do presidente do partido, Rui Rio, no rescaldo dos resultados eleitorais, que “em breve o PSD terá que tomar posições e provavelmente terá outro líder”.
Se houver congresso nacional, Jorge Fidalgo defende que se deve fazer coincidir a eleição direta do líder com as eleições nas distritais, como é o caso da de Bragança.
O distrito de Bragança vota tradicionalmente, nas eleições nacionais, no PSD que perdeu, pela segunda vez, para o PS, nesta região, com a particularidade de os socialistas ficarem, pela primeira vez, maioritários no círculo eleitoral, com dois eleitos e os sociais-democratas com um.
A leitura que o presidente da distrital faz do resultado é que o PSD até aumentou a votação, em relação a 2019, mas no distrito aconteceu o mesmo fenómeno que a nível nacional.
“Há uma redução da abstenção, há uma subida do Chega, que passa a terceira força política com mais de cinco mil votos, e da Iniciativa Liberal com mil votos, e na esquerda houve uma concentração de votos no PS com a descida da CDU e do Bloco de Esquerda”, concretizou.
“O voto do descontentamento é todo absorvido pelo Chega que, com mais de cinco mil votos no distrito, vem criar dificuldades ao PSD”, acrescentou.
O PSD teve menos 15 votos que o PS nestas eleições, obtendo um resultado idêntico a 2019, com 26.480 votos (40,28%), enquanto o PS subiu de 23.163 votos, em 2019, para 26.495 (40,3%).
O resultado levou os sociais-democratas a anunciar de imediato que vão pedir, na Assembleia Geral de Apuramento, um esclarecimento devido a uma situação que o partido detetou na freguesia de Olmos, no concelho de Macedo de Cavaleiros.
Segundo o partido, quando faltava apenas esta freguesia por apurar no distrito, o PSD estava à frente com 63 votos, na atualização seguinte passou para trás por um voto e quando fechou o resultado perdeu naquela freguesia por sete votos, enquanto o resultado final global do distrito ditou uma derrota por 15 votos.
Jorge Fidalgo salientou que o partido “não está a pôr em causa os resultados”, mas quer apenas que seja esclarecida a situação.
Esta é a segunda vitória dos socialistas em eleições nacionais neste distrito, depois da maioria absoluta de José Sócrates, em 2005, em que o partido ganhou na região, mas ficou com dois deputados e o PSD com o mesmo número, quando este círculo eleitoral ainda elegia quatro parlamentares.
Os eleitos socialistas são dois membros do Governo que vai cessar funções, concretamente Sobrinho Teixeira, secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior, e Berta Nunes, secretária de Estado das Comunidades Portugueses.
Sobrinho Teixeira é professor do ensino superior e foi presidente do Instituto Politécnico de Bragança e estreou-se como candidato, encabeçando a lista do PS pelo círculo eleitoral de Bragança.
A médica Berta Nunes deixou a Câmara de Alfândega da Fé, em 2019, para integrar a lista socialista às legislativas, também em segundo lugar, e foi escolhida para integrar o Governo liderado por António Costa.
Da bancada socialista sai o antigo secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, que se demitiu na sequência dos incêndios de 2017 e ocupou até agora o lugar de deputado, tendo também integrado a lista às legislativas de 2022, mas em terceiro lugar.
O PSD trocou de lugar com o PS e passa a ter apenas um deputado por Bragança na Assembleia da República, mantendo-se no lugar Adão Silva, atual líder parlamentar e que já leva quase um total de 30 anos como deputado.