O presidente da Comissão Política Distrital de Vila Real do PSD, Fernando Queiroga, afirmou hoje que o futuro do partido “passa por uma grande reflexão interna”, independentemente de quem seja o líder social-democrata.
“O futuro do PSD agora passa por uma grande reflexão interna, independentemente de ser A ou B a liderar este projeto. Acho que passam por uma reflexão sobre o programa, sobre os projetos que apresentámos à população, porque foi uma campanha extraordinária, nós pensávamos que estávamos a transmitir bem as mensagens e, afinal, não chegou nada”, afirmou Fernando Queiroga à agência Lusa.
O também presidente da Câmara de Boticas acrescentou ainda que é preciso saber o que se quer “fazer do partido”, seja “com Rui Rio ou sem Rui Rio”.
“Eu não estou preocupado com quem vai liderar o partido, eu agora estou preocupado é com o projeto que nós queremos apresentar e a alternativa que nós queremos apresentar ao país. E não é já andar aos gritos, a dizer que queremos congresso, que queremos isto ou aquilo”, sublinhou.
Na noite de domingo, Rui Rio abriu a porta à saída da liderança do PSD, cargo que ocupa desde janeiro de 2018, caso se viesse a confirmar a maioria absoluta do PS nestas eleições legislativas (o que aconteceu), considerando que dificilmente será útil nessa conjuntura, sem, contudo, verbalizar explicitamente a sua demissão nem adiantar que passos irá dar internamente.
"Particularmente se se confirmar que o PS tem uma maioria absoluta – tem, portanto, um horizonte de governação de quatro anos –, eu sinceramente não estou a ver como é que posso ser útil neste enquadramento", declarou Rui Rio.
O líder da distrital de Vila Real disse entender que Rio “não se sinta confortável”, considerando que é um sentimento “natural” neste momento, mas, na sua opinião, a solução não passará por “sai este e agora vem outro”.
“Se calhar esse é que é o grande problema do partido. Mas com ponderação, sem ser em cima do joelho, porque temos tempo, sabemos que vamos ter quatro anos pela frente para digerir bem isto. Acho que internamente temos que olhar e saber o que queremos fazer do partido”, frisou.
O PS alcançou a maioria absoluta nas legislativas de domingo e uma vantagem superior a 13 pontos percentuais sobre o PSD, numa eleição que consagrou o Chega como a terceira força política do parlamento.
Em Vila Real, distrito onde tradicionalmente o PSD é a força maioritária em eleições legislativas, o PS ganhou também as eleições de domingo, elegendo três deputados e os sociais-democratas dois.
A vitória socialista acontece pela segunda vez, depois de, também em 2005, na primeira maioria absoluta de José Sócrates, ter sido o partido mais votado.
Fernando Queiroga reconheceu que os resultados destas legislativas antecipadas ficaram “muito aquém” das expectativas e salientou que “nada o indicava” e que “nada fazia prever esta hecatombe”.
O PS conseguiu 43.531 votos (41,31%)no distrito transmontano e conquistou três mandatos, elegendo Francisco Rocha, Fátima Correia Pinto e Agostinho Santa.
Por sua vez, o PSD atingiu os 42.150 votos (39,99%) e alcançou dois mandatos, elegendo Artur Soveral de Andrade e Cláudia Bento.
A nível nacional, o PS obteve 41,7% dos votos e 117 deputados no parlamento, quando estão ainda por atribuir os quatro mandatos dos círculos da emigração.
O PSD ficou em segundo lugar, com 27,80% dos votos e 71 deputados, a que se somam mais cinco eleitos em coligações na Madeira e nos Açores, enquanto o Chega alcançou o terceiro lugar, com 7,15% e 12 deputados, a Iniciativa Liberal (IL) ficou em quarto, com 5% e oito deputados, e o Bloco de Esquerda em sexto, com 4,46% e cinco deputados.
A CDU com 4,39% elegeu seis deputados, o PAN com 1,53% terá um deputado e o Livre, com 1,28%, também um deputado. O CDS-PP alcançou 1,61% dos votos, mas não elegeu qualquer parlamentar.
A abstenção desceu para os 42,04%, depois nas legislativas de 2019 ter alcançado os 51,4%.