O documentário "Eldorado", que retrata pela primeira vez a imigração portuguesa no Luxemburgo, teve mais de 1.500 espectadores na primeira semana de exibição no país, um sucesso de audiências para um filme não-ficcional.

O filme, que iniciou a segunda semana de exibição, tem já garantida uma terceira semana nos cinemas luxemburgueses, disse à Lusa um dos realizadores, o português Rui Eduardo Abreu, que assina o documentário com os luxemburgueses Thierry Besseling e Loïc Tanson.

Durante três anos, os realizadores filmaram a vida de quatro imigrantes portugueses em busca do "sonho luxemburguês": Fernando, eletricista recém-chegado ao país, Jonathan, um adolescente com dificuldades na escola, Isabel, que encontra trabalho a fazer limpezas, e Carlos, de origem cabo-verdiana, com problemas com a justiça.

Em fevereiro, ainda antes da estreia de "Eldorado", o realizador português disse à Lusa que o objetivo do filme é "dar voz" a pessoas que são raramente retratadas no cinema.

"É a primeira vez que a comunidade portuguesa no Luxemburgo é retratada e que pode exprimir-se num filme, mostrando as suas vidas, a sua intimidade, as suas emoções, as suas discussões e reflexões, e é muito importante para nós mostrar que são reconhecidos e que têm voz", afirmou.

Filmado no Luxemburgo e em Portugal, na serra da Lousada e na costa de Viana do Castelo, o documentário levou sete anos a ser concluído e está a ser promovido intensamente pela produtora luxemburguesa Samsa, com projeções para a imprensa, participação dos realizadores em debates e exibição nas maiores salas do país.

O filme, que foi selecionado para a competição oficial do Taiwan International Documentary Festival, depois de ter sido exibido em fevereiro no Festival Internacional de Cinema do Luxemburgo, tem tido bom acolhimento por parte da crítica luxemburguesa e do público português e luxemburguês.

"Tivemos muitas reações de pessoas que dizem que o filme é universal e que damos voz a todos os imigrantes", disse o realizador, que tem participado também em "debates animados" a seguir às projeções, afirmando que o documentário "consegue interpelar as pessoas".

O realizador disse à Lusa que há muitos portugueses "comovidos" com o documentário, afirmando que "mostra a realidade" da comunidade no país, enquanto outros se queixam de "Eldorado" deixar de fora "os casos de sucesso" da imigração portuguesa.

"Para nós era importante mostrar o que continua a ser o trabalho da maioria dos portugueses no Luxemburgo, sem negar que haja outro tipo de histórias e pessoas com vidas mais fáceis, mas é precisamente por estas vidas não serem fáceis que quisemos dar-lhes voz", explicou o realizador português.

Rui Eduardo Abreu nasceu em Portugal em 1981, mas chegou ao Luxemburgo com 11 anos. Licenciado em Etnologia pela Universidade Paris VII, fez uma pós-graduação e um mestrado em cinema documental.

Depois de "Eldorado", a sua primeira longa-metragem documental, o português realizou vários documentários para uma série atualmente exibida no canal de televisão luxemburguês RTL, "routwäissgro" ("vermelho, branco e cinza"), uma alusão às cores da bandeira luxemburguesa "e às 'zonas cinzentas' do país desconhecido".
Lusa



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