A Associação de Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa alertou hoje para o regresso do vírus da doença hemorrágica epizoótica (DHE) ao Nordeste Transmontano, estando a afetar animais e a deixar os produtores apreensivos.

“Na área de Bragança, Vinhais e do Planalto Mirandês estão a aparecer bastantes casos de DHE. Embora haja menos casos que em 2023, são bastante preocupantes. Os primeiros casos este ano neste território foram dados em julho”, explicou à Lusa O secretário técnico da associação, Válter Raposo.

O responsável acrescentou que se previa “uma certa imunidade”, mas há animais que estão a repetir a doença pelo segundo ano consecutivo.

“Provavelmente há uma estirpe diferente deste vírus hemorrágico. Esta doença ataca todas as raças de bovinos”, disse.

Para Válter Raposo, a utilização da vacina nesta época do ano “é pior a emenda que o soneto”, porque os animais já deviam ter sido vacinados antes do reaparecimento do DHE.

“Caso a vacinação acontecesse mais cedo, os animais [bovinos] provavelmente estariam mais protegidos e assim evitava-se mais casos da doença”, vincou.

Os principais sintomas da DHE registados nos bovinos são coxeia, falta de apetite, úlceras na boca, uma situação que provoca a degradação do estado de saúde dos bovinos, que os pode “levar à morte”, referiu.

A DHE é uma doença de etiologia viral que afeta os ruminantes, em especial os bovinos e os cervídeos selvagens, com transmissão vetorial (por mosquito), que está incluída na lista de doenças de declaração obrigatória da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).

A Lusa questionou o Ministério da Agricultura sobre a evolução da DHE, mas até ao momento não recebeu resposta.

Em 07 de agosto, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) autorizou temporariamente a colocação no mercado de lotes de uma vacina com o rótulo em espanhol, face à urgência em vacinar os bovinos contra a doença hemorrágica.

“Dada a situação epidemiológica em Portugal relativamente à doença causada pelo vírus da doença hemorrágica epizoótica (DHE), sorotipo oito, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária autorizou provisoriamente a utilização da vacina Hepizovac, suspensão injetável para bovinos”, indicou, à data, em comunicado.

Assim, a DGAV deu ‘luz verde’ à colocação no mercado português de alguns lotes da vacina com rotulagem em espanhol, mas ressalvou que o respetivo folheto informativo, em português, está disponível no portal MedVet.

Esta autorização tem a validade de um ano, que é contada a partir da primeira disponibilização do medicamento no mercado nacional.

Segundo Válter Raposo, esta vacina ainda não está a ser utilizada em Portugal.

A vacinação dos bovinos é voluntária e, segundo a DGAV, pode ser aplicada nas zonas afetadas.

O plano de vigilância da DHE foi implementado em 2023. Este prevê a notificação e investigação de suspeitas clínicas, bem como a vigilância serológica em animais sentinela.

Em parte do território continental, foi ainda implementada a monitorização da atividade de culicoides (mosquitos).

Desde 2023 que a DGAV tem vindo a alertar que sempre que é detetada uma suspeita de doença efetua-se colheita de amostras e envio de material ao laboratório, com a respetiva notificação da suspeita aos seus serviços oficiais.




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