O Ministério da Agricultura anunciou hoje que o atendimento aos agricultores de Vimioso para parcelários passará a ser feito por convocatória para evitar os fluxos anormais que obrigam a dormir à porta dos serviços para conseguir vez.
Segundo adiantou à Lusa o gabinete de imprensa do ministro António Serrano, a Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte passará a convocar os agricultores com a indicação do dia e da hora a que devem comparecer na Zona Agrária de Vimioso.
Os serviços, que funcionam apenas com dois funcionários duas vezes por semana, vão também, de acordo com a fonte, ser reforçados com mais recursos humanos e técnicos, ou seja um funcionário e um computador.
O propósito é evitar a concentração de agricultores à porta devido ao fluxo anormal de procura dos serviços nesta altura em que é necessário regularizar os parcelários (delimitações e áreas das terras), um instrumento sem o qual não podem aceder aos subsídios agrícolas.
O gabinete do ministro da Agricultura esclareceu ainda que se mantém a intenção avançada já hoje de manhã à Lusa de negociar com a Câmara de Vimioso a instalação de mais uma sala de atendimento.
A partir de maio vão existir mais seis salas na região Norte, duas das quais em Trás-os-Montes para que a situação não se repita.
As medidas anunciadas surgem na sequência das queixas dos agricultores de Vimioso que dormem à porta da zona agrária para conseguirem vez, muitas vezes sem sucesso por falta de capacidade de resposta dos serviços.
Agricultores entrevistados hoje pela Lusa dizem que mesmo chegando de madrugada são obrigados a regressar noutro dia e a fazerem várias tentativas até conseguirem ser atendidos.
Agricultores dormem à porta da Zona Agrária para conseguirem vez
Os agricultores de Vimioso dormem à porta da zona agrária para conseguirem vez, mas sem sucesso por falta de capacidade de resposta dos serviços que o Ministério da Agricultura prometeu hoje reforçar ainda durante o mês de Março.
Os serviços descentralizados do Ministério da Agricultura neste concelho do Distrito de Bragança têm atendimento ao público assegurado por dois funcionários apenas duas vezes por semana, à segunda e quarta feiras.
Nesses dias dezenas de agricultores acorrem à Zona Agrária, como constatou hoje a Lusa, com cerca de quatro dezenas já concentrados à porta antes das nove da manhã, a hora de abertura.
\\"Faz hoje oito dias\\" que Clemência Vaqueiro chegou às três da manhã e não conseguiu resolver tudo.
\\"Quando cheguei aqui já havia quatro pessoas à minha frente. Nesse dia só despacharam três pessoas da parte da manhã, duas à tarde e eu fiquei a meio. fs cinco fechou e tive de ir embora\\", contou à Lusa.
Clemência regressou hoje perguntando em jeito de lamento como \\"é possível no século XXI vir aqui dormir\\".
\\"O Ministro da Agricultura devia pensar nos transmontanos e não só nos de Lisboa e alentejanos, nós também somos gente\\", disse.
Manuel Bartolomeu já ali vai pela terceira vez para tratar do parcelário, sem o qual os agricultores não podem candidatar-se a subsídios.
Félix Antão está indignado porque já é também a terceira vez que se desloca de Vilar Seco à vila para resolver \\"os erros dos serviços\\".
\\"O ano passado estava bem, este ano enviaram-me uma carta a dizer que estava mal e que tinha de corrigir. Porque é que este ano está mal, se ninguém mexeu na terra \\", questiona.
O que é certo é que o erro obriga a que ele e o vizinho tenham de se deslocar aos serviços para provar que as terras nem confinam quanto mais estarem \\"no meio uma da outra\\".
\\"Sem virmos os dois não resolvemos nada\\", lamenta Félix, dizendo que o que mais tem ouvido é \\"venha outro dia\\".
Assim fez hoje Isabel Vicente que de manhã apanhou boleia com um vizinho, mas se à tarde não tiver a mesma sorte tem de pagar um táxi para regressar a Caçarelhos.
Para agravar a situação, \\"as máquinas (computadores) não ajudam. \\"Elas falham e não se faz o serviço\\", diz Maria Veigas.
\\"O que precisamos é de dois ou três funcionários diários\\", reclama Amadeu Miguel, recordando que antigamente já tiveram de ir a Bragança e Mogadouro e quando o serviço abriu em Vimioso pensavam que era para melhorar, mas \\"piorou\\".
\\"Sem resolver isto não posso fazer o subsídio e se não fizer o subsídio sou penalizado, como é que uma pessoa se vai a desenrascar disto?\\" pergunta.
Contactado pela Lusa, o gabinete de imprensa do Ministério da Agricultura justificou a situação com \\"o pico\\" de procura dos serviços por decorrer até ao final de Março o prazo de candidatura às medidas agro-ambientais.
O Ministério garante que a Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte está a negociar com a Câmara de Vimioso a abertura de mais um sala de parcelário, o que deverá acontecer ainda durante o mês de Março.
Adiantou ainda que \\"a partir de Maio vão existir mais seis salas na região Norte, duas das quais em Trás-os-Montes para que a situação não se repita\\".