O caso de uma criança de 18 meses que, anteontem à tarde, morreu afogada, depois de ter caído no tanque de um café, onde estaria a brincar, numa aldeia do concelho de Chaves, está envolta em polémica.

O pai responsabiliza o tribunal e este não comenta. Uma sentença não foi executada e a Comissão de Protecção de Menores diz que a sua intervenção cessou quando o caso seguiu para tribunal.

Ao que o JN conseguiu apurar, o bebé estaria sob a vigilância do actual companheiro da mãe, que se encontrava no interior de um café, em Dorna (Chaves). A queda da criança terá acontecido quando o padrasto terá deixado a criança para ir \"buscar qualquer coisa\" ao café. Para Maria Gabi Dias Cirurgião, de 40 anos, que já tinha ficado sem a guarda de quatro dos seus cinco filhos, por alegada falta de capacidade para tomar conta deles, tudo não passou de um acidente. Lamentável.

O pai do menino, José Marracho, não se conforma com o acidente e culpa o tribunal de Chaves pela tragédia. José acusa o tribunal de \"ter fechado os olhos a toda a informação sobre a forma como a mãe expunha a criança a todo o tipo de perigos\" e de ter \"forçado\" um acordo para que o bebé não lhe fosse entregue \"de repente\", mas sim de forma \"gradual\". Este acordo, confirmado ao JN por fonte policial, terá tido lugar no dia 22 do passado mês de Março.

Instabilidade emocional

No entanto, a 17 de Janeiro, o mesmo tribunal proferiu uma sentença conferindo ao pai a guarda do menor e determinando que a mãe pudesse visitar o menor, \"desde que tal não afectasse os horários normais da criança\".

A sentença em causa, a que o JN teve acesso, dá como provado que, \"ao longo do tempo, a requerida (a mãe) veio demonstrando alguma instabilidade emocional, sujeitando o menor a situações de risco, tal como andar com ele na rua a horas tardias da noite, deixá-lo sozinho, à noite, enquanto estava no café, e mesmo ameaçando fazer-lhe mal, quando tinha alguma discussão com o requerente (pai)\". O documento faz ainda referência ao facto de, anteriormente, a criança já ter sido confiada provisoriamente à avó materna, mas que tal decisão nunca foi cumprida, uma vez que a mãe terá fugido com o bebé para França.

Veneno dos ratos

Em contraponto ao comportamento do mãe, a sentença refere que o pai, residente na aldeia de Alpande, Valpaços, \"tem demonstrado sempre uma grande preocupação pelo bem-estar do menor\". Apesar de tudo, a sentença não foi executada. A PSP terá feito uma tentativa nesse sentido, mas não terá conseguido, dada a \"histeria\" da mãe. Aliás, terá sido a renitência da mãe que levou ao acordo do passado dia 22 de Março.

\"Será que é preciso ser muito inteligente para compreender o que se passava?\", questiona José, acusando mais uma vez o tribunal, assegurando que, no dia do acordo, a mãe da criança jurou que \"se lhe retirassem a criança a matava com veneno dos ratos\".

O caso chegou ao tribunal há cerca de um ano e meio, depois de o pai ter alertado a Comissão de Protecção de Menores de Chaves (CPMC) sobre alegados \"descuidos\" da mãe para com o seu filho. A presidente da comissão, Lurdes Campos, garante que, até o caso chegar ao tribunal, a CPMC fez \"todas as diligências ao seu alcance\". \"Mas, quando o caso passa para a jurisdição do tribunal, a nossa intervenção cessa automaticamente. Só intervimos se tivermos informações adicionais\", remata.



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