Uma investigação promovida pelo Museu do Douro concluiu que dos 335 marcos pombalinos colocados no Douro entre 1758 e 1761 para delimitar a primeira região demarcada do mundo apenas 105 estão referenciados.
O inventário destas pedras graníticas que resistiram ao tempo vai ser apresentado sexta-feira, em Alijó.
Natália Fauvrelle, coordenada do Serviço de Museologia, disse hoje à Agência Lusa que este projecto teve como objectivo localizar, inventariar e investigar os marcos da demarcação, geralmente referidos como «marcos pombalinos», alguns dos quais estavam em risco de degradação ou desaparecimento rápido.
Segundo a responsável, muitos dos marcos foram destruídos ao longo dos anos e outros acabaram enterrados, colocados em muros ou até incluídos em paredes de casas.
O marco número um da margem sul esteve 149 anos enterrado na parede de uma casa e só foi descoberto quando, durante a realização de obras, se retirou o reboco da parede.
Hoje, segundo a coordenadora, esse marco integra o espólio do Museu do Douro.
O último inventário realizado sobre os marcos pombalinos foi efectuado por Moreira da Fonseca, em 1949, tendo sido referenciados 103 marcos.
Destes, segundo Natália Fauvrelle, 97 foram classificados naquela década como imóveis de interesse público.
A responsável referiu ainda que alguns marcos referenciados por Moreira da Fonseca desapareceram e que, na investigação realizada pelo Museu do Douro, foram encontrados 11 novos.
«Alguns foram reutilizados em casas, um outro servia de canteiro numa cavalariça e até foi encontrado um que fazia parte de um pontão», disse.
A especialista salientou que recentemente foi revalorizado o marco da Quinta da Costa do Bernardo, em Vila Jusã, concelho de Mesão Frio, classificado com o número 9 (Decreto-Lei 35.909, de 1946), que esteve a servir de canteiro na adega da quinta e se encontrava soterrado pelos escombros da casa.
Natália Fauvrelle acredita que ainda existem mais marcos por descobrir, pelo que o trabalho de investigação do Museu do Douro vai continuar.
Normalmente estas pedras graníticas tinham cerca de dois metros de altura, parte dos quais ficaram enterrados, cerca de 30 centímetros de largura e 20 centímetros de espessura.
Os estudos de inventariação realizados pela equipa do Serviço de Museologia do Museu do Douro e os trabalhos das crianças e jovens participantes no concurso escolar «à Descoberta dos Marcos Pombalinos» constituem objecto de uma exposição do Museu do Douro.
A exposição «Marcos da Demarcação», que foi inaugurada na Régua a 14 de Dezembro no âmbito das comemorações dos 250 anos da Região Demarcada do Douro, vai poder ser vista entre sexta-feira e 30 de Março em Alijó.