A fasquia dos 200 mil turistas para 2006 é um número muito ambicionado pelos operadores fluviais no Douro. No entanto, algumas empresas tendem mais a creditar que haverá uma estabilização no número de visitantes face ao ano anterior.
A recessão económica e o aumento dos combustíveis são as principais razões a sustentar as dúvidas. Ou seja, há uma expectativa optimista, mas contida.
Um dos operadores mais optimistas é o administrador da \"Douro Azul\", Mário Ferreira. \"Este ano, espero ultrapassar os 100 mil turistas. Há uma aposta grande (mais de 20%) nos cruzeiros Porto-Régua e as viagens entre o Porto e Pocinho merecem especial atenção\", estimou.
Com início da operação em Maio, Mário Ferreira acredita que deverá haver um aumento do valor da receita, embora admita poder via a fazer \"uma maior optimização das viagens\".
Para o operador, a subida do preço dos combustíveis não influenciará, este ano, o preço das viagens por adquiri-los em grandes quantidades e, com isso, conseguir \"uma regulação de preço adequada\".
Já Manuel de Almeida, da \"Douro Acima\", operador que tem uma frota exclusivamente constituída por barcos rabelos (seis), é mais cauteloso \"Ainda é cedo para previsões. Temos de ter algum cuidado dada a actual conjuntura. Para já, noto uma estabilização no movimento. A nossa aposta é essencialmente nos cruzeiros Régua-Porto-Régua, mas, este ano, até temos um novo: entre o Porto e uma quinta de Castelo de Paiva\".
Apesar de reconhecer que o preço dos combustíveis não é agradável para o sector, Manuel de Almeida assegurou que \"não agravará os preços\" das viagens. \"Se conseguirmos manter os números de 2005, não será mau,\" sublinhou.
Por sua vez, o administrador da \"Barcadouro\", Fernando Costa, está apreensivo \"Não acredito em optimismos. Temos de ser realistas. Há uma contracção económica no país e nós, como operamos essencialmente com o mercado português e espanhol, sentimos isto. E depois há os preços dos combustíveis\". No ano passado, a empresa transportou cerca de 30 mil pessoas em cruzeiros Régua-Porto e Régua-Barca de Alva.
Segundo apurámos, este ano sulcam as águas 48 embarcações, apenas mais um barco em relação a 2005, esperando-se que mais duas pequenas embarcações possam ainda navegar.
Uma fonte do Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos (IPTM), adiantou ao JN que \"ainda é cedo para avançar com números previsíveis para 2006\", embora admita que possa haver uma \"estabilização\".
A via navegável do Douro está aberta em toda a sua extensão de 210 quilómetros, entre a Foz, no Porto, e Barca de Alva, desde Fevereiro. Os 48 barcos turísticos que operam no Douro têm capacidades entre 20 e 350 passageiros .
Menos um cais aberto
Abateu em Abril uma parte do cais fluvial da Ferradosa, São João da Pesqueira, estrutura muito utilizada pela navegação turística. Segundo o IPTM, \"verificaram-se anomalias na estabilidade do terrapleno que constitui a plataforma de acostagem do cais fluvial da Ferradosa, que condicionam a sua utilização\". Em resultado, está total e incondicionalmente proibida a acostagem ou permanência de qualquer tipo de embarcações naquele porto. A alternativa é o cais de Santo Xisto, a jusante da ponte da Ferradosa.